“Apesar das dificuldades é possível fazer ciência na Amazônia”, afirma pesquisador

As dificuldades logísticas não foram o suficiente para barrar os trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Com aproximadamente 10 grupos de pesquisa em atuação em diversas áreas, o Instituto tem conseguido, por exemplo, baratear o custo dos estudos levando internet a áreas remotas na Amazônia com um conjunto de torres de comunicação.

De acordo com o diretor técnico-científico do Instituto, João Valsecchi, os resultados das pesquisas desenvolvidas no Mamirauá demonstram, entre outros, a recuperação das populações naturais.

Em entrevista à Agência Fapeam, na última semana, o diretor técnico-científico do Instituto, que é doutor em zoologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e curador da coleção de material biológico da instituição, ressaltou as ações desenvolvidas ao longo dos últimos anos e garantiu que “apesar das dificuldades é possível fazer ciência na Amazônia”.

Confira a entrevista:

Agência Fapeam (AF): Quais são os desafios e as particularidades de fazer ciência na Amazônia?

“Apesar das dificuldades é possível fazer ciência na Amazônia”

João Valsecchi: Particularidades de pesquisas na Amazônia são muitas, o ambiente faz que o desafio seja grande e que as estratégias de pesquisa sejam distintas, dependendo de onde você estiver.

Temos a questão de o deslocamento ser algo muito difícil, devido à distância e o acesso às determinadas áreas, além do clima intenso e mudança sazonal da água. Então, temos várias coisas que interferem no dia a dia do pesquisador, por exemplo, a infraestrutura que precisamos é algo muito grande, o que dificulta as pesquisas e as deixam com custo maior.

Não é qualquer aluno ou pesquisador que concorda ficar a longo prazo na Amazônia. Mas, nós conseguimos. Temos resultados incríveis para serem mostrados que foram realizados durante todos esses anos de pesquisa como: sistema de manejo implementado e funcionando, incremento na qualidade de vida das populações tradicionais. Apesar das dificuldades é possível fazer ciência na Amazônia.

AF – O senhor tem mais de 15 anos de atuação na área de monitoramento ambiental. Quais são os principais avanços que o senhor pode destacar dos últimos anos para os dias atuais?

João Valsecchi: Localmente evoluiu muita coisa. Hoje, temos um manejo do pirarucu estabelecido, a adequação da legislação pesqueira e do manejo florestal voltado para o manejo comunitário. Temos resultados de pesquisas que demonstram a recuperação de uma série de populações naturais.

AF – Atualmente, você é o diretor técnico-científico de umas das principais instituições de pesquisa da região amazônica. O que isso representa?

“Apesar das dificuldades é possível fazer ciência na Amazônia”

João Valsecchi: É uma alegria esta a frente do Instituto Mamirauá porque estou acompanhando a consolidação de um trabalho e esforço de várias pessoas, algo que vem de muitos atrás.

Os resultados obtidos são de fato incríveis e quando a gente vê o resultado da pesquisa usada em campo melhorar ou transformar a vida das pessoas da região é um motivo de alegria.

AF – A tecnologia é algo muito presente no Instituto Mamirauá são torres de comunicação e ferramentas que possibilitam um estudo mais detalhado quando o pesquisador está em campo?

João Valsecchi: Hoje temos um conjunto de torres de comunicação no qual atendemos cinco bases de campo e mais de 100 colaboradores de pesquisa, com isso somos capazes de levar internet a áreas remotas da Amazônia, acessar base e transmissão de dados de pesquisa para cidade ou banco de dados, então uso é diverso.

Com tudo isso, conseguimos reduzir o tempo do pesquisador em campo, o custo das pesquisas ficam menores também. Atualmente, o instituto possui 10 grupos de pesquisas que trabalham em diferentes áreas como agricultura amazônica, ecologia biologia pesqueira, pesquisas com felinos e mamíferos aquáticos, organização social. São muitos projetos mantidos pela instituição.

AF: O Instituto Mamirauá possui portal eletrônico e revista que possibilita a divulgação dos resultados de estudos que são desenvolvidass dentro da instituição de pesquisa.  Como o senhor avalia a divulgação da científica das pesquisas para a população?

João Valsecchi – Os pesquisadores têm que levar o resultado de sua pesquisa para o público, seja ele qual for: acadêmicos, populações tradicionais ou sociedade como um todo, o ciclo não está fechado.

É muito importante ter canais de comunicação que permitam fazer com que os resultados das pesquisas realizadas no instituto cheguem até a população.

 Fonte: Agência Fapeam

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