Adolescente que contraiu raiva humana no Interior do Amazonas deixa UTI e já é considerado o segundo sobrevivente da doença no Brasil

– (fotos: Jackeline Farah) – A família de Barcelos, no Interior do Amazonas, foi vítima de uma tragédia por causa de mordidas de morcegos, dentro de casa. Segundo o pai, Levy Castro, os ataques de morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue) no município são constantes, por conta da inexistência de energia elétrica na localidade onde moram. Dos três filhos de ‘seu’ Levy atacados, dois faleceram. Um deles, uma garota, ainda chegou a ser atendida na Fundação de Medicina Tropical, em Manaus, mas não resistiu.

Nesta terça-feira (9), em coletiva de imprensa na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMTHVD), na avenida Pedro Teixeira, zona Oeste de Manaus, o médico infectologista Antônio Magela, que lidera a equipe médica, explicou o tratamento que vem sendo dado ao adolescente.

“O tratamento se resumia a sedar o paciente e dar suporte às funções vitais. Não existia um tratamento específico. Uma doença com uma letalidade de aproximadamente 100 %. Até 2004, quando houve a aplicação desse protocolo experimental, nos Estados Unidos, a paciente sobreviveu! Então, a partir desse momento, se soube que se podia fazer algo mais diante de um paciente de raiva humana. A sedação e o uso dos antivirais e da biopterina seja o mais precoce possível!”

O menino foi atacado em dezembro do ano passado e é o segundo caso registrado no Brasil a sobreviver à raiva humana. Ele vai precisar, agora, de um acompanhamento médico especializado e ajuda da família para ficar sem sequelas.

A pediatra Deyse Santos responsável pela enfermaria do hospital infantil Dr. João Lúcio – o “Joãozinho” -, na zona Leste de Manaus,  para onde Matheus foi transferido, falou das possíveis sequelas que menino pode ter.

“Inchaço cerebral, então a situação é parecida. A doença não é a mesma, por ser um vírus letal. Então, é uma situação muito mais rapidamente progressiva. A princípio, ficou sem falar, com serviço de ‘fono’, de terapia, toda aquela interação familiar, terapia ocupacional. Ele recuperou muita coisa, inclusive a voz. Um paciente desse – é por isso que existem Centros como o Sara, a APAE, A AACD – que é não só para o paciente que ficou com seqüela de encefalite rábica. Eles tem que passar nesse centro. Em Manaus, a gente já consegue ter suporte pra muita coisa e é isso que a gente vai passar pro Matheus!”


O pai do adolescente, o senhor Levy Castro, se emocionou ao falar do filho. “É inexplicável! Eu tenho o Matheus como um presente de Deus pra aliviar a dor da perda dos outros dois que se foram. Eu atribuo tudo isso a Deus, nosso Pai Todo Poderoso, porque o Matheus, com 98% de morte cerebral, ele conseguiu recuperar!”

O tratamento do adolescente será de quatro meses e será monitorado pela FMT.

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