10 exercícios fisioterapêuticos para o tratamento do nervo ciático

O Sistema Nervoso (SN) é definido como conjunto de órgãos que produzem e propagam estímulos químicos e elétricos. O Sistema Nervoso se subdivide anatomicamente em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP).

As estruturas que compõem o SNC são o cérebro, o tronco encefálico, a medula espinhal e o cerebelo, ao passo que aquelas que pertencem ao SNP são basicamente os nervos e os gânglios.

O nervo ciático (NC) é considerado o maior do corpo humano e tem origem em ramos dos segmentos entre L4 a S3, seguindo pelo membro inferior, até alcançar os artelhos. Sua trajetória passa pelo músculo piriforme, porção posterior da coxa e da perna, ramificando-se ao atingir a região da fossa poplítea.

Histologicamente, os nervos são formados por diversos feixes de fibras nervosas (neurônios), revestidos por camadas de tecido conjuntivo, sustentando e nutrindo todas estruturas. O tecido conjuntivo que envolve cada fibra nervosa é denominado endoneuro. Já as camadas que sustentam os feixes de fibras e o nervo propriamente dito, são perineuro e epineuro, respectivamente.

Causas da dor ciática

O comprometimento das estruturas próximas ao nervo ciático pode culminar numa compressão, aumentando os potenciais de ação e ativando os nociceptores. São exemplos de condições que geram inflamação do nervo ciático:

  1. Hérnias discais lombares;
  2. Contraturas musculares com ênfase no piriforme;
  3. Tumor que se localiza próximo ao nervo ciático;
  4. Sedentarismo e maus hábitos posturais.

Portanto, existem vários mecanismos de lesão que contribuem para a ciatalgia. Demandando assim, uma avaliação minuciosa pelos profissionais de saúde no intuito de identificar e tratar as causas da compressão.

Importância dos exercícios fisioterapêuticos para o Nervo Ciático

Os procedimentos terapêuticos acerca da ciatalgia compreendem a prescrição de fármacos e a utilização de recursos terapêuticos manuais, eletroterapia, fototerapia e termoterapia. Sendo estes últimos empregados pelo fisioterapeuta.

Entre os objetivos do tratamento estão:

  • A redução do processo inflamatório, das contraturas musculares e do quadro álgico;
  • Aumento da Amplitude de Movimento (ADM) e Força Muscular (FM) de maneira generalizada;
  • Pacientes com doenças crônicas que estão associadas à ciatalgia se beneficiam substancialmente com a fisioterapia, tendo em vista que as técnicas anteriormente citadas proporcionam maior funcionalidade e qualidade de vida.

As lesões no NC podem ser incapacitantes por levarem ao sedentarismo, atrofia por desuso e afastamento das atividades laborais e sociais.

Diagnosticando seu paciente com dores no Nervo Ciático

Durante a anamnese e exame físico dos pacientes com ciatalgia, os últimos referem normalmente quadro álgico em região lombar e posterior de coxa, sendo estes os primeiros sintomas relatados que induzem os profissionais aos testes específicos para o nervo ciático. A dor pode ser local ou irradiada, dependendo do grau de compressão nervosa e estruturas envolvidas com o processo inflamatório.

Sintomas como parestesia, perda de força, limitação da propriocepção, perda de equilíbrio e alterações de sensibilidade também merecem atenção na avaliação clínica.

Exames de imagem complementam a identificação da compressão ciática. Portanto, caso o paciente procure o serviço de fisioterapia, ou seja, encaminhado pelo médico, estes profissionais têm como opção a solicitação de radiografias, exames de ressonância, ou ainda eletromiografias para corroborar os achados clínicos.

Alguns testes são importantes também na condução do diagnóstico, e entre eles destacam-se:

  1. Teste de distensão de Bragard, que provoca irritação das raízes nervosas L4, L5 e S1, que por sua vez estão relacionadas ao nervo ciático;
  2. Teste de distensão femoral, com objetivo semelhante ao teste de Bragard. Porém, com ativação e irritação, além da raiz L4, das raízes L1 e L2, que não estão ligadas ao nervo ciático;
  3. Teste de Lasègue modificado, possuindo boa sensibilidade em constatar lombociatalgia verdadeira, por combinar movimentos de flexão de quadril, adução e rotação interna;
  4. Teste de elevação simples de membro inferior, que gera um indicativo de comprometimento do nervo ciático quando o quadro álgico se inicia entre 35 e 70°. Teste de Slump e Calço, executados com o paciente apoiando seu antepé sobre uma saliência, sendo orientado posteriormente a realizar uma flexão da coluna.

Tratamento fisioterapêutico para o seu paciente com problemas no Nervo Ciático

São diversas possibilidades terapêuticas para compressão do nervo ciático, e devem se basear na queixa principal do paciente e nas disfunções diagnosticadas pelo fisioterapeuta. Em quadros agudos ou de exacerbação, a redução do processo inflamatório e do quadro álgico devem ser considerados, a partir do uso de eletrotermofototerapia. Já que proporciona condições mínimas ao paciente para suportar os exercícios que de fato irão promover melhoras a longo prazo.

A Estimulação Elétrica Transcutânea (TENS) em suas diferentes modalidades (convencional, acupuntura, burst e breve/intenso) é uma estratégia interessante. Principalmente para a liberação de opioides endógenos e para atuar na teoria do portão da dor, aliviando o principal sintoma limitante que os pacientes apresentam. Com o objetivo de acelerar o mecanismo de reparo tecidual, o laser terapêutico e o ultrassom em modo pulsado podem ser os aparelhos de escolha.

Exercícios fisioterapêuticos para tratamento da dor Ciática

Em casos nos quais a protrusão posterior do núcleo pulposo dos discos intervertebrais provoca a tensão do nervo ciático. A reeducação postural e os movimentos de extensão estão indicados para promover relaxamento e auxiliar o organismo na reabsorção da lesão.

Extensão deitado

O posicionamento em decúbito dorsal melhora de forma significativa o quadro álgico e o próprio paciente cria ao longo do tempo uma percepção positiva da postura, procurando se alinhar e permanecer deitado, em momentos de crise.

Relaxamento em extensão sobre a Fitball

Entre as formas de utilização da bola suíça, ou Fitball, estão os exercícios de mobilização da coluna vertebral. O simples posicionamento em decúbito dorsal, neste acessório, é capaz de reduzir os sintomas de compressão do nervo ciático.

Arqueamento da coluna vertebral sentado

Este exercício pode estar vinculado ao Método Pilates solo ou à fisioterapia convencional. O exercício consiste no posicionamento inicial do paciente na postura ajoelhada, com as mãos em contato com os tornozelos. A orientação é que ele realize extensão da coluna progressivamente, trabalhando a respiração, buscando os mesmos desfechos dos procedimentos supracitados.

A ponte

Após o alívio da dor e preparação do paciente, os exercícios de fortalecimento podem e devem ser prescritos. A vantagem da ponte é a facilidade de compreensão por parte do paciente e a independência de acessórios para sua execução.

Em decúbito dorsal, o indivíduo apoia os pés sobre o solo com joelhos fletidos, e projeta a pelve superiormente, realizando extensão do quadril. O fortalecimento dos extensores do quadril se faz necessário para benefícios a longo prazo.

Alongamento para Nervo Ciático

Os exercícios de alongamento são selecionados segundo a análise do encurtamento dos músculos que podem estar comprimindo o nervo ciático. O piriforme, quadrado lombar, oblíquos externo e interno, glúteos e posteriores da coxa são os principais vilões da ciatalgia.

O alongamento baseado na técnica de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (contrai-relaxa/mantém-relaxa) possui efeitos significativos na redução da compressão do nervo ciático, em conjunto com os alongamentos convencionais (estáticos – passivos e ativos) e com as manobras de mobilização neural. As últimas são complementares, tendo o papel de reposicionar os segmentos do nervo para reduzir a sua compressão.

Alongamento para gestantes ou exercício do gato

O aumento da tensão durante a gravidez acontece quando o nervo ciático é comprimido devido ao aumento voluminoso do útero.

O ganho de peso durante a gestação é o principal fator causal de ciatalgia nesta população. A dor de origem nervosa possui características distintas das cãibras musculares.

O nervo ciático se inicia na porção inferior da coluna e pode irradiar para todo o membro, manifestando-se juntamente com parestesias, queimações, entre outros sintomas.

Um outro aspecto interessante é que as exacerbações ciáticas surgem aproximadamente a partir da décima segunda semana de gravidez. De tal modo que seja mais uma característica facilitadora para o diagnóstico nas gestantes.

Os alongamentos mencionados servem também para o grupo populacional em questão. Mas aqueles que apresentem risco de compressão do abdômen estão contraindicados. O exercício do gato, partindo da postura em quatro apoios e envolvendo movimentos de flexão e extensão da coluna vertebral, são ótimas opções neste caso.

Exercícios para abdominais sobre a Fitball

O fortalecimento de extensores de quadril e flexores de coluna fazem parte das fases finais do tratamento do nervo ciático. A Fitball aumenta a aderência dos pacientes aos abdominais, pois favorecem o encaixe da coluna lombar e oferecem maior flexibilidade e grandes níveis de recrutamento muscular. Em decúbito dorsal, o paciente é orientado a executar a flexão de coluna e, em decúbito lateral, a executar a flexão lateral.

Alongamento do piriforme

A Síndrome do Piriforme representa uma entre as principais causas da ciatalgia. Há uma relação diretamente proporcional entre a contratura do músculo e a compressão do nervo ciático.

Por isso, o paciente beneficia-se com o alongamento, realizado em decúbito ventral, mantendo a adução de quadris e flexão de joelhos a 90°. O fisioterapeuta posiciona as mãos nos tornozelos e realiza rotação interna dos membros inferiores para favorecer a descompressão ciática.

Exercícios aeróbicos de baixo impacto

Os profissionais de saúde, principalmente fisioterapeutas e educadores físicos, têm o dever de incentivar os indivíduos que sofrem com disfunções relacionadas ao nervo ciático a praticar regularmente atividade física, inclusive aeróbica. O desenvolvimento das fibras musculares tipo I e consequentemente o condicionamento aeróbico liberam endorfina. De tal modo que as pessoas se mantenham ativas e dispostas a dar continuidade ao tratamento.

Como opções de equipamentos para exercícios aeróbicos, estão disponíveis a esteira, a bicicleta ergométrica, ou elíptico.

Especial – exercícios Nervo Ciático Pilates

O mais importante detalhe acerca da reabilitação pelo Método do Pilates é a certificação de estar realizando os exercícios com adequado acompanhamento. Ou seja, os instrutores obrigatoriamente têm que se preocupar com as queixas e com a prescrição dos exercícios.

Na verdade, não há contraindicação absoluta de exercícios no Método Pilates, e sim um cuidado redobrado com a aplicação de seus princípios (fluidez, concentração, controle, respiração, precisão e centralização) em conjunto com a escolha dos movimentos que alonguem a musculatura já citada como vilã do nervo ciático e fortaleçam a musculatura estabilizadora/antagonista.

Restrições de exercícios físicos para o seu paciente que sofre com dores no Nervo Ciático

Nas primeiras sessões de fisioterapia, a principal queixa dos pacientes é a respeito do quadro álgico. A prescrição de exercícios aeróbicos e de fortalecimento nesta fase da reabilitação não são opções favoráveis à sua aderência. Por isso, o processo inflamatório instalado pode agravar.

Em contrapartida, quando há melhora da dor parcialmente ou completamente, a utilização de alongamentos em excesso e a aplicação frequente de eletrotermofototerapia podem não ter um efeito positivo. Uma vez que na fase final são os exercícios de fortalecimento e aeróbicos que farão a diferença a longo prazo.

Assim, o cuidado precisa ser voltado a aplicação das técnicas e exercícios nas fases em que eles manifestem boa repercussão. Para facilitar a identificação destas fases, é importante registrar os ganhos funcionais em cada sessão, norteando as condutas posteriores.

Cuidados especiais para o Nervo Ciático durante a gravidez

Associada ao crescimento do feto, a flacidez muscular dos estabilizadores da coluna pode favorecer as hérnias discais ou aumentar a sobrecarga nos membros inferiores, exacerbando os tônus dos posteriores da coxa e consequentemente comprimindo o nervo ciático.

Posicionar a gestante buscando o alinhamento das articulações e fortalecer os membros inferiores faz parte das condutas que visam prevenir ou minimizar as lesões ciáticas. Grande parte destas lesões é reversível e, no caso destas pacientes, tende a melhorar após o nascimento do bebê.

Conclusão

A etiologia da compressão do nervo ciático é variada, e os sintomas também se manifestam de formas diferentes em cada paciente. O diagnóstico cinesiológico-funcional adequado, a observação dos exames complementares e a escolha pelos testes sensíveis vão colaborar com o tratamento dos pacientes com ciatalgia e outros sintomas relacionados ao nervo ciático.

As fases do tratamento incluem redução da dor e ganho de ADM, fortalecimento da musculatura envolvida com o tronco e membros inferiores, exercícios aeróbicos de baixa intensidade e estabilização para prevenção de novos episódios de ciatalgia.

O investimento em métodos alternativos, como o Pilates, a massagem terapêutica e o treinamento funcional, aumentam a aderência dos pacientes ao tratamento e aceleram o processo de reabilitação.

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