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Roberto Leal lança CD de 40 anos de carreira e diz não se incomodar quando pedem Arrebita

 

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Para comemorar seus 40 anos de carreira, Roberto Leal acaba de lançar um novo CD e finaliza a gravação de um DVD. Em ‘Obrigado, Brasil!’, o cantor português faz um agradecimento ao país que o acolhe há 46 anos e presta uma inusitada homenagem: canta clássicos do samba como Triste Madrugada e Não Deixe o Samba Morrer. “Quando cheguei aqui, fui agenciado por um escritório chamado Corumba que cuidava da carreira de grandes sambistas. Eles queriam que eu fizesse um disco só de sambas, mas na época não me sentia preparado”, afirma ele, que no novo trabalho conta com participação de nomes como Alcione e Jair Rodrigues – foi a última vez que o saudoso cantor entrou em estúdio. “Jair era meu irmão”, diz.

O que quer dizer com esse novo trabalho?
Quero agradecer tudo que recebi. É como escreveu Pero Vaz de Caminha: nesta terra, em se plantando tudo dá. Aqui realizei meus sonhos, colhi meus frutos e esse povo generoso me permitiu não só cultivar minhas raízes lusitanas, mas também plantar um pouco de Portugal em seus quintais. Esse CD eu gravei em gratidão a esta terra que, como um filho, me acolhe há tanto tempo.

Como foi sua chegada ao Brasil?
Minha família não tinha condições financeiras para vir toda junta e então viemos, de navio, aos poucos. Era cada um por sí e durante os cinco dias da viagem eu só chorava. Vim no auge do grande fluxo da imigração, em 1962, aos 12 anos de idade, quando meus pais queriam tirar os filhos das rotas das guerras coloniais. Vivíamos somente da terra e a única coisa que compensa a dor da partida é o prazer da vitória. Lembro do desejo de, um dia, voltar vitorioso ao meu país. Foi isso que me moveu.

Artisticamente falando, foi difícil se estabelecer aqui?
Vim com a mentalidade de que éramos países irmãos. Cheguei com a ilusão de que a cultura e a música portuguesa eram conhecidas aqui. Fui para a TV achando que Portugal era uma extensão do Brasil e essa ingenuidade me ajudou, porque o próprio brasileiro ao me ver cantando e dançando o Vira, sem pudor, percebeu que eu estava mostrando um lado alegre de Portugal, diferente do xale negro e do fado.

Sofreu preconceito?
Ir ao programa do Chacrinha foi um divisor de águas na minha carreira. Ele era um visionário e fiz tudo para conhecê-lo, porque sabia que se ele me visse ia me colocar em seu programa. Eu era uma figura: imagina um português com cabelos enormes, cara de alemão, parecendo uma árvore de Natal e cantando o Arrebita, meu primeiro sucesso? Na minha estreia lá houve um problema técnico, que impediu o Festival da Canção de entrar no ar logo depois. Eu era a última atração daquele domingo e fiquei cantando e dançando um bom tempo. Quando me dei conta, toda a plateia estava me acompanhado. O resultado? O Velho Guerreiro me colocou no ar sete domingos seguidos e foi ali que tudo começou para mim.

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