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Anderson Silva rechaça asterisco em legado por doping: “Foram mais coisas boas que ruins”

Por Ben-Hur Correia, Raphael Marinho e Zeca Azevedo — Rio de Janeiro

Anderson Silva concedeu entrevista à imprensa no Rio de Janeiro — Foto: Buda Mendes / Getty ImagesAnderson Silva concedeu entrevista à imprensa no Rio de Janeiro — Foto: Buda Mendes / Getty Images

Anderson Silva concedeu entrevista à imprensa no Rio de Janeiro — Foto: Buda Mendes / Getty Images

Em dezembro, antes de enfrentar Alexander Gustafsson, Jon Jones admitiu que os problemas na carreira deixavam um asterisco no seu legado. Anderson Silva discorda. O brasileiro, que atendeu a imprensa nesta última quarta-feira em meio à preparação para sua luta no UFC 237, marcada para o dia 11 de maio no Rio de Janeiro, admitiu que existiram erros no meio do caminho, mas que os acertos são muito maiores.

– Acho que não. Tanto eu quanto Jon Jones passamos por situações difíceis no esporte, e você voltar depois de todas as situações que vivemos é mais do que simplesmente você amar o que gosta. Tem que ser uma pessoa muito especial. Tenho um carinho enorme por ele. Sempre que posso estamos trocando ideias, passando um pouco da minha experiência em relação a conviver com esse mundo que é a luta, por trás das câmeras. Jon Jones tem tudo para criar uma grade história. Ele já tem uma grande história. É incontestável o que ele já fez pelo esporte. As coisas que ele acabou fazendo, e que eu mesmo acabei fazendo, por decisões, por serem falhas que a gente não teve controle, a gente acaba pagando por isso. Foram mais coisas boas que coisas ruins. Jon Jones tem todo o meu respeito, e tenho certeza que ele é o campeão absoluto desse esporte – disse o lutador, que enfrentará o americano Jared Cannonier na Cidade Maravilhosa.

Ao lado de treinadores de longa data como Cesário Bezerra, Ricardo de la Riva e Luiz Dórea, Anderson Silva fez um treino de jiu-jítsu antes de atender os jornalistas, e mais tarde falou sobre mais uma oportunidade de lutar no Rio de Janeiro. Será sua terceira vez na cidade, onde já venceu Yushin Okami e Stephan Bonnar.

– Estou bem feliz de poder lutar aqui de novo, né? Principalmente nessa fase da minha carreira, é um grande presente que o UFC está me dando, poder lutar aqui para os meus fãs. Uma das últimas lutas da minha carreira, com certeza, porque se aproxima mais do fim. Estou muito feliz de lutar aqui.

Anderson Silva atento às instruções do mestre Ricardo de la Riva — Foto: Zeca AzevedoAnderson Silva atento às instruções do mestre Ricardo de la Riva — Foto: Zeca Azevedo

Anderson Silva atento às instruções do mestre Ricardo de la Riva — Foto: Zeca Azevedo

Mas nem tudo é perfeito. Anderson Silva lamentou não estar ao lado do mestre Rodrigo Minotauro no card, mesmo que a presença de seu irmão gêmeo Rogério Minotouro esteja garantida.

– Sinto falta do Minotauro lá, do meu mestre lutando. Não é a mesma coisa estar num card desse sem o Minotauro lutando. Lógico que o Minotouro vai estar lá dividindo o octógono comigo, mas é diferente quando tem o Minotauro na jogada. O clima é diferente. Mas eu estou feliz em lutar no Rio de novo, poder lutar para os meus fãs. É como falei, é uma das últimas lutas, não sei quando vou lutar no Rio de novo, espero que lute em breve no Brasil. Mas pode ser que sim ou que não. Estou muito feliz e empolgado de dividir esse espaço com os outros brasileiros que vão se apresentar aqui.

Mas até quando veremos Anderson em ação? Aos 44 anos, com um domínio no peso-médio do UFC de quase sete anos, e um cartel de 34 vitórias e nove derrotas, ele avisou que pretende pelo menos cumprir seu contrato com o UFC.

– Acho que tenho (mais) três ou quatro lutas. Tenho que ver no contrato. Pretendo fazer todas, estou bem. Para a alegria de alguns e tristeza de outros, pretendo continuar incomodando ali. Lógico que todo lutador pensa no título, mas já tive toda essa experiência de ficar nove anos com o título, dez anos invicto (na verdade, foram sete anos com o título e invicto), nada disso é novo. Tudo o que vier agora a gente absorve com conhecimento. O objetivo é estar bem, ir lá fazer o que amo, procurar desenvolver o que a gente está fazendo dentro do camp. Cada dia nós renovamos mais, cada camp a gente percebe que tem coisas que temos que aprender mais.

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Zeca Azevedo@zeca_geraldo

Mais um pouco do treino de Anderson Silva, agora em vídeo, com o mestre Ricardo de la Riva

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Morando em Los Angeles, nos EUA, Anderson Silva decidiu fazer o camp já no Rio de Janeiro, onde também tem uma casa. Ele falou sobre a preparação e o que tem mudado com a chegada da proximidade do fim da carreira.

– O que eu faço menos é me expor. Tem coisas que a gente já não tem mais como fazer. Antigamente, a gente fazia esse treino e depois saía no soco, cortava um ao outro, machucava o braço e, no outro dia, era fator de cura, no outro dia estava zerado. Hoje tenho que ter um pouco mais de cuidado. A minha equipe já tem essa consciência, e nenhum dos atletas que está na equipe hoje é tão jovem assim. Nós tomamos cuidado um com o outro. Nós treinamos duro, mas temos cuidado.

Perguntado sobre oportunidades de disputar o título, Anderson Silva fez questão de ressaltar que a história que construiu no UFC pode pesar diante de outro lutador com menos experiência. Ele lembrou que sua presença numa luta pode pesar mais na hora de vender o evento.

– Todo mundo tem seu espaço. O que acontece muito é que cada um criou um legado diferente dentro desse esporte. Eles estão chegando, né?! O Romero nem tanto, mas o Borrachinha e muitos outros estão chegando, e não entendem que existe um negócio por trás disso. Na hora da escolha de colocar alguém para lutar que vai realmente pesar, eles vão colocar quem vai vender mais, independente se é o último do ranking contra o cara que é o primeiro. Essa coisa do ranking não tem muito a ver quando se trata de negócio – concluiu.

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