O médico Jorge Kalil foi afastado da direção do Instituto Butantan, após uma auditoria interna apontar uma série de irregularidades financeiras e administrativas na instituição. O instituto é vinculado ao governo do estado de São Paulo e um dos principais centros de pesquisa do país.
O Secretário da Saúde, David Uip, disse que comunicou o afastamento ao doutor Jorge Kalil na segunda-feira (21), por telefone, já que o cientista está na França. Uip explicou o motivo do afastamento, mas não fez referência explícita à saída de Kalil com as irregularidades apontadas pelo relatório interno do instituto.
Segundo Uip, Kalil pretendia fazer mudanças na gestão do Instituto Butantan e da Fundação Butantan, instituição privada que administra o instituto. Até 2015, Fundação e Instituto foram comandadas simultaneamente por Kalil. Há duas semanas, o então presidente da Fundação Butantan, André Franco Montoro Filho, pediu demissão por não concordar com a gestão de Jorge Kalil no Instituto.
“Em novembro de 2015, eu determinei que houvesse duas gestões separadas, uma para a fundação e outra para o instituto. Ao longo de 2016, muitas coisas erradas foram acertadas, até que neste ano, o conselho curador [também presidido por Kalil] decidiu voltar para o modelo antigo, esvaziando a autonomia da fundação”, explicou o secretário de Saúde ao justificar o afastamento de Kalil.
“Não dá [para presidir Instituto e Fundação ao mesmo tempo]. Eu mesmo já assumi as duas gestões e percebi. Devido a essa incompatibilidade, o Montoro pediu demissão e repercutiu denúncias extremamente graves, que devem ser apuradas pela corregedoria, pelo TCE e pela curadoria da fundação”, continuou.
Trabalho com pesquisa
Na manhã desta terça-feira (21), em entrevista coletiva, o governador Geraldo Alckmin foi perguntado sobre o motivo pelo qual o diretor foi afastado. Alckmin informou que o cientista trabalhará exclusivamente com pesquisas. “[Jorge Kalil] é um grande pesquisador, que continua à frente da pesquisa para a vacina da dengue. Agora, cargo de direção é cargo administrativo, de gestão e de confiança do Secretário da Saúde”, disse o governador nesta manhã.
“É importante essa separação [do presidente do Instituto e da Fundação]. Houve uma divergência porque era o mesmo presidente para o instituto e para a fundação. Então foi entendido que precisa separar. A fundação é privada. Precisa separar do governo”, continuou.
Auditoria
A auditoria interna do Instituto Butantan apontou que Kalil usou cartão corporativo em período de férias e gerou despesas de mais de R$ 30 mil em passagens aéreas para Itália e Porto Rico. Kalil, que está no exterior, explicou que o cartão foi usado porque ele participou de congresso durante as férias. Além disso, segundo ele, uma viagem a Poto Rico foi cancelada e o dinheiro não foi usado.