Um dos mais populares balés da Rússia, “Petrushka” é a atração escolhida para a abertura do 7º Festival Música na Estrada em Manaus. Em nova montagem, com a participação do Corpo de Dança do Amazonas (CDA), do Balé Experimental do CDA e da Amazonas Filarmônica, o balé terá uma curta temporada com quatro apresentações no Teatro Amazonas, de quinta-feira, dia 30, até o domingo, dia 3 de dezembro. A entrada é gratuita.
O Festival Música na Estrada é uma realização do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, com correalização da Kommitment Produções Artísticas e da Secretaria de Cultura do Amazonas (SEC). O Festival é apresentado pela Caixa Seguradora, conta com patrocínio máster do BNDES e patrocínio da instituição de ensino superior Estácio.
Encenado pela primeira vez em 1911, com música de Igor Stravinsky e coreografia de Michel Fokine, ambos de origem russa, “Petrushka” é um balé burlesco em quatro atos, narrando a história de amor, ciúme e tragédia vivida por três bonecos trazidos à vida por um feiticeiro. Ao lado de “Pássaro de Fogo” (1910) e “A Sagração da Primavera” (1913), compõe uma trilogia de balés de Stravinsky baseados no folclore e nas tradições russas.
Em Manaus, a montagem do balé tem direção cênica geral e coreografia do paulista Luiz Fernando Bongiovanni. A direção musical é de Marcelo de Jesus, que rege a peça na estreia e no dia 2 de dezembro. Nos dias 1º e 3 de dezembro, a regência é de Otávio Simões.
O programa das récitas no Teatro Amazonas inclui ainda uma abertura musical, com a execução de trechos da suíte do balé “O Quebra-Nozes”, de Piotr Tchaikovsky.
No palco
O enredo de “Petrushka” se desenrola durante uma feira, onde pessoas se divertem e passeiam entre as barracas. Ali, o Charlatão exibe três bonecos, que traz à vida num passe de mágica. O boneco de palha Petrushka se apaixona pela Bailarina, mas esta só tem olhos para o garboso Mouro. Enciumado, Petrushka duela com o rival, mas morre na luta. De volta como fantasma, ele desafia o Charlatão, e termina morrendo mais uma vez.
A exemplo de outras versões da obra de Stravinsky na atualidade, a montagem de “Petrushka” em Manaus busca referências na produção original da companhia Ballets Russes. “Buscamos trabalhar de maneira próxima à tradição com os solistas – Petrushka, Bailarina e Mouro –, seja no gestual mobilizado, seja na relação entre movimento e música. Nas partes em grupo, como na feira, no início e no fim, temos um pouco mais de liberdade coreográfica e artística”, adianta Luiz Fernando Bongiovanni.
A concepção visual, acrescenta ele, também busca seguir a versão de 1911: “Fazemos uma leitura própria nas cenas de grupo, mas realizamos também um recorte que se aproxima das proposições do Aleksandr Benois, que produziu a cenografia e o vestuário do espetáculo original”.
A dramaticidade da peça, por outro lado, ganha um toque de novidade. “Coloquei o Charlatão como uma mulher, sendo um quarto elemento, fazendo como que um quarteto. Tem essa personagem, uma bruxa ou feiticeira, que gosta do Petrushka, que é apaixonado pela Bailarina, mas ela gosta do Mouro”, resume Bongiovanni.
Sons múltiplos
O gênio musical de Stravinsky contribui para a fama de “Petrushka”, e um exemplo disso está no uso da sobreposição de tonalidades, em que diferentes conjuntos de notas são executados ao mesmo tempo.
De Jesus assinala que a música de Stravinsky, de execução técnica difícil, por outro lado eleva os instrumentistas a um papel maior no espetáculo. “A orquestra não fica limitada ao acompanhamento, mas tem um papel importante, que é o de narrar a história por meio da música. A música dos balés de Stravinsky tem tratamento sinfônico, e é comum as suítes das peças serem executadas como concertos”.
“Petrushka” é o segundo balé de Stravinsky produzido em montagem completa pela Amazonas Filarmônica. Em 2013, a orquestra apresentou “A Sagração da Primavera”, com coreografia de Adriana Góes e André Duarte para o CDA.