Casos de Microcefalia no AM vão ser monitorados por especialistas

images (7)

Os casos de Microcefalia no Amazonas vão ser monitorados por um comitê formado por especialistas. Nesta terça-feira (23), o secretário estadual da Saúde, Pedro Elias de Souza, assinou uma portaria criando o Comitê de Apoio ao Monitoramento, Prevenção e Controle dos casos da doença, no Estado. A Secretaria Estadual da Saúde (Susam) expediu duas notas técnicas, assinadas em conjunto com as autoridades da Saúde da capital, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, contendo orientações a serem adotadas nas maternidades e no atendimento ao pré-natal, na atenção básica. A microcefalia – uma malformação do crânio que pode deixar sequelas graves em recém-nascidos –também será um dos principais temas da Assembleia do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), da qual Pedro Elias participará nesta quarta-feira (25), em Brasília.

No dia 11 deste mês, em virtude do aumento expressivo dos casos da doença registrados neste ano, no Nordeste, o Ministério da Saúde declarou situação de emergência em saúde pública de importância nacional. “Embora o aumento de casos da microcefalia esteja inicialmente concentrado em estados nordestinos, o assunto merece toda atenção dos gestores das demais regiões. O próprio Ministério não descarta que o surto da doença se espalhe pelo País, se comprovada a relação dos casos recentemente registrados, com o Zika vírus”, ressaltou o secretário.

A preocupação se justifica pelo fato de que a transmissão do Zika vírus é feita pelo Aedes aegypti,  que está presente em todas as regiões brasileiras e é o mesmo mosquito que funciona como vetor da dengue e da febre Chicunkunya.

As funções do Comitê de Apoio criado pela Susam para o monitoramento da microcefalia são: assessorar tecnicamente a gestão e os serviços de saúde na elaboração de normas e procedimentos direcionados à prevenção, controle e tratamento da malformação; monitorar a evolução de possível epidemia da doença; e propor investigações e pesquisas que possibilitem aumentar o grau de conhecimento da doença, também visando sua prevenção e controle.

Presidido pelo próprio secretário, o comitê será formado pelo presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Bernardino Albuquerque; a médica Marianna Facchinetti Brock (especialista em medicina fetal); médica Ilka Espírito Santo, presidente da Sociedade Amazonense de Ginecologia e Obstetrícia; infectologista Maria Paula Mourão, da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD); médica Elena Marta Amaral dos Santos, presidente da Sociedade Amazonense de Pediatria; neuropediatra Francisco Tussolini; Luena Xerez, coordenadora estadual da Rede Cegonha; Patrícia da Silva Magalhães, gerente de Maternidades da secretaria-adjunta de Atenção Especializada da Capital; Luciane Tellechea da Silva, da secretaria-adjunta de Atenção Especializada do Interior; e Sandra Mendes de Magalhães, representando a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa).

Nos últimos anos, o Amazonas tem registrado uma média de 3 a 5 casos anuais de microcefalia. Em relação à febre Zika, o Estado registrou apenas um caso da doença e não está configurada ainda a circulação do vírus. “No entanto, diante do risco de vermos esse número aumentar, precisamos estar preparados e contar com o suporte de um grupo com expertise no assunto, para orientar nossas ações”,  disse o secretário.

O diretor-presidente da FVS, Bernardino Albuquerque, explica que, atualmente, quatro unidades de saúde – o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado e o Pronto-Socorro da Criança da Zona Oeste, na rede pública e o Hospital Adventista, da rede particular – já estão funcionando como unidades-sentinelas para o monitoramento de possíveis casos de Zika vírus na capital.

Notas técnicas – As maternidades também estão recebendo orientações, por meio de nota técnica, assim como as Unidades Básicas de Saúde da Prefeitura de Manaus, que são responsáveis pela realização do pré-natal. “Em qualquer caso suspeito da doença, será feita a coleta de material para exame”, acrescentou Bernardino. As notas técnicas estabelecem o protocolo de monitoramento da doença e todo o fluxo de investigação diagnóstica, com a ficha que deve ser adotada para notificação de ocorrência de suspeita de microcefalia.

Números da doença – No dia 11 deste mês, o Ministério da Saúde declarou situação de emergência em saúde pública de importância nacional, após identificar um aumento expressivo de casos de bebês com microcefalia em estados do Nordeste. Em quatro meses, somente em Pernambuco, 268 casos de microcefalia foram notificados, com distribuição em 44 municípios. A média de casos para o Estado era de 10 por ano. Em 2014, no País inteiro, foram notificados 147 casos de microcefalia. Nesta terça-feira (24), o Ministério da Saúde divulgou boletim epidemiológico atualizando os números da doença no País, em 2015, que aponta a notificação de 520 casos em recém-nascidos, distribuídos em nove estados. Em seguida a Pernambuco, vem os estados da Paraíba (96), Sergipe (54), Rio Grande do Norte (47), Piauí (27), Alagoas (10), Ceará (9), Bahia (8) e Goiás (1). Até o momento, a hipótese mais forte é de associação dos casos com a infecção das mães, durante a gravidez, pelo Zika vírus. Entre o total de casos, foi notificado um óbito suspeito no estado do Rio Grande do Norte. Este caso está sob investigação para definir a causa da morte.

A microcefalia é uma malformação em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada e os bebês nascem com o perímetro cefálico menor que o normal (habitualmente este perímetro é superior a 33 cm). Esse defeito pode ser resultado de uma série de fatores de diferentes origens, como as substâncias químicas, agentes biológicos (infecciosos), bactérias, vírus e radiação. Na atual situação, a investigação da causa que levou a uma elevação tão expressiva e rápida dos casos da doença é o que está mobilizando as autoridades de saúde.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *