Vítimas da quadrilha presa na “Operação Gaia” pagaram até R$ 80 mil por terrenos que nunca puderam ocupar

24/04/13 – A atividade criminosa da grilagem sofreu, nesta quarta-feira (24), um duro golpe da Justiça, em Manaus. Pela manhã, cerca de 80 policiais civis do Amazonas cumpriram 11 de 20 mandados de prisão e 16 de busca e apreensão, na Operação “Gaia”, deflagrada pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-Am).

O objetivo da operação foi desarticular uma organização criminosa que atuava na prática da grilagem de terras e venda de terrenos fantasmas, na capital.

Os presos foram levados para o 27º Distrito Integrado de Polícia (DIP), no bairro Amazonino Mendes, o Mutirão, na zona Norte da cidade. Vítimas da quadrilha estiveram na delegacia e, de acordo com o advogado delas, tinham de fazer pagamentos antecipados.

Entre os presos, estão o coronel Polícia Militar (PM-Am) Birilo Bernardo de Oliveira, a corretora Silma Braga e o grileiro Jean Cláudio Sombra, além de um número de funcionários públicos que ainda não tiveram os nomes revelados. Esses funcionários facilitavam a liberação de documentos, em órgãos ligados à questão fundiária, em Manaus.

A corretora de imóveis Silma Braga é acusada de enganar até mesmo pessoas humildes, que economizaram durante anos, para poder adquirir seus terrenos. O advogado de duas das vítimas, Marcelo Rodrigues, explicou como a quadrilha operava.

“O ‘modus operandi’ (forma de operar) dessa quadrilha consistia em publicações, nos classificados dos jornais, oferecendo terrenos para venda e, geralmente, as vítimas eram pessoas incautas, que não tinham conhecimento sobre documentação de terrenos, mas que, de boa fé, faziam o pagamento antecipado, até mesmo porque a quadrilha mantinha bons escritórios, com aparência de seriedade, então isso levou as pessoas a acreditaram nesse golpe. Tiraram dos seus bolsos o dinheiro suado de suas economias e pagaram essa empreitada criminosa pelos seus terrenos.”

De acordo com Marcelo Rodrigues, dois dos clientes dele chegaram a pagar R$ 50 mil e até R$ 80 mil pelos imóveis, que nunca receberam.

O advogado afirma que, por várias vezes, tentou convencer a corretora a devolver o dinheiro dos clientes. “Fui várias vezes ao escritório dela, expliquei a situação, mas, o tempo todo, sentia dificuldade de entrar com uma medida judicial contra ela, porque ela saia do flagrante. Nós não tínhamos como prendê-la em flagrante, como entrar com uma ação de reintegração de posse ou manutenção de posse ou emissão de posse, porque todos os documentos eram falsos.”

Os acusados vão responder por formação de quadrilha, entre outros crimes.

O nome da operação é uma referência à deusa da terra, também conhecida como Geia, Gea, ou Gê, a Mãe da Terra, na mitologia grega.

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