Uma visita surpresa realizada na última quarta-feira (02) à Delegacia de Polícia de Rio Preto da Eva, pela Ouvidoria da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Amazonas (OAB-AM) constatou graves violações aos direitos humanos, cometidas contra os 34 presos que se encontram detidos no local.
A denúncia é do Ouvidor-Geral, Glen Wilde, e do Ouvidor Auxiliar, Armando de Oliveira, que fizeram inclusive fotos e estão encaminhando relatório à Comissão de Direitos Humanos (CDH) da OAB-AM, com pedido de providências ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), Secretaria de Justiça (SEJUS) e até para a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Os ouvidores relatam que os presos estão divididos em duas celas de 3mx5m. Por não caber mais ninguém nas celas, um detento foi algemado a um banco, no corredor da delegacia. Segundo Wilde, o detento, que não quis se identificar, contou que está há mais de dois meses nessa situação. “Ele passa o dia sentado. Só se levanta três vezes ao dia para ir ao banheiro. Essa situação é absurda, fere totalmente os direitos humanos”, afirma Wilde.
A superlotação é apenas um dos fatores preocupantes. Segundo os ouvidores, os detentos são supervisionados por um policial e uma escrivã. Glen Wilde explica que o policial não pode ser obrigado a cuidar de preso de justiça. Quem deve cuidar de detentos são os agentes carcerários.
Outra denúncia dos ouvidores da OAB é a má qualidade da alimentação servida aos detentos. Os presos relatam casos constantes de falta de higiene e até da presença de fios de cabelo na comida.
Os detentos afirmam que não possuem colchões suficientes para acomodar todos nas duas celas existentes no presídio e que não recebem visita íntima há um ano e dois meses. “Em Manaus, todo final de semana os presos recebem visita íntima de suas esposas ou companheiras. Isso, muitas vezes, evita que sejam praticadas violências sexuais entre eles”, explica Wilde.
De acordo com Wilde, no começo do ano foram feitas denúncias de irregularidades no local e os problemas não foram solucionados. “O objetivo das cadeias e presídios é que os infratores cumpram suas penas, com a perspectiva de se ressocializarem após saírem dessas instituições. As condições que estão sendo oferecidas em Rio Preto da Eva não apresentam estrutura para isso, pelo contrário, estão criando pessoas revoltadas”, ressalta Wilde.