Depois de nove horas, divididas em duas sessões no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Herman Benjamin concluiu a leitura de seu voto e pediu a cassação da chapa Dilma–Temer por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2014. Relator da ação proposta pelo PSDB em 2015, Benjamin aceitou sete acusações que confirmam, no seu entendimento, fraudes eleitorais na reeleição da ex-presidente e do atual presidente, e arrematou seu voto afirmando que o “conjunto da obra” leva à condenação. O relator recusou outras cinco imputações, trazidas ao processo por delações premiadas, testemunhos e perícias, por considerá-las impertinentes à ação.
Na sessão iniciada hoje por volta das 9h30, Herman Benjamin analisou provas referentes à conta-corrente de propina mantida pela Odebrecht com o Partido dos Trabalhadores (PT); à compra de apoio político à chapa e, assim, tempo de propaganda eleitoral gratuita; aos pagamentos de caixa dois pela empreiteira aos marqueteiros João Santana e Mônica Moura no exterior; e aos gastos com gráficas que prestaram serviços à campanha Dilma-Temer.
“Não há como investigar financiamento ilícito de campanha no Brasil sem investigar a Odebrecht. Mesmo que a Odebrecht não tivesse sido citada nominalmente, nós não teríamos como esquecer a matriarca da manada de elefantes”, declarou Herman Benjamin.
O relator leu trechos do depoimento de Marcelo Odebrecht, no qual o empreiteiro relata cobranças do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para doações oficiais, que a construtora não queria mais desembolsar para evitar atrair mais atenção à sua generosidade eleitoral.
Odebrecht explicou, no depoimento citado por Benjamin, que a solução, acertada pelo ex-diretor Alexandrino Alencar com o tesoureiro da campanha, Edinho Silva, foi destinar cerca de 27 milhões de reais para a compra de apoio de PCdoB, Pros, PRB, PP e PDT à chapa Dilma-Temer.