“Vazante de 2024 deve superar todos os índices críticos de 2023”, diz pesquisador Renato Senna em Cessão de Tempo na Aleam

 

– (região do Alto Solimões – fotos: Redes sociais e Assessoria de Comunicação) – O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), climatologista Renato Cruz Senna, disse nesta quinta-feira (29/8), que a vazante de 2023 não se encerrou, uma vez que os rios não recuperaram os níveis de volume d’água, fazendo com que em 2024 seja uma espécie de aprofundamento da tragédia.

A convite do deputado Comandante Dan (Podemos), Sena participou de uma Cessão de Tempo na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e falou sobre os prognósticos da vazante de 2024.

Para o deputado Comandante Dan, não há outro tema mais importante que a vazante. “Estamos passando por uma tragédia que era anunciada pela Ciência. Não há justificativa para a falta de planejamento no socorro às populações da Amazônia. Estamos falando da morte da fauna, da flora e, principalmente, dos seres humanos de toda a região”, declarou.

Renato Senna, que também colabora com o Monitor de Secas no Brasil, apresentou, durante a Cessão de Tempo, os mapas que mostram o aprofundamento da seca desde o início do ano.

“ Janeiro de 2024 foi muito mais seco que o do ano passado”, avaliou. Ele também apresentou fotos recentes dos danos extremos da vazante nos municípios Borba, Maraã e Nova Olinda do Norte.

Para o cientista, a iniciativa de levar o tema ao Legislativo é fundamental, porque exige políticas públicas. “Muita gente espera que o rio se comporte como em 1920, mas isso não é mais uma realidade; talvez a nova realidade seja melhor vista a partir da década de 1990”, enfatizou.

O deputado também é autor da proposta para criação de uma comissão mista no Legislativo Estadual para acompanhar, tanto a vazante, quando as demais emergências climáticas que o Amazonas sofrerá.

“As respostas cotidianas e aceitáveis há dez anos já não servem mais, não são mais respostas efetivas. O normal é novo e exige que ouçamos a Ciência e sejamos proativos. Não dá pra ser reativo e ver a população sofrer com os mesmos problemas; as informações nos permitem uma ação antecipada”, finalizou Comandante Dan.

Renato Cruz Senna

Renato Cruz Senna é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) desde 1986. Meteorologista pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Mestre em Agronomia (Física do Ambiente Agrícola) pela Universidade de São Paulo (USP). Tem experiência na área de Geociências, como: previsão do tempo, micrometeorologia de florestas, climatologia estatística, radiação solar, floresta tropical e monitoramento hidrometeorológico.

Foi o primeiro Coordenador Geral deAgrometeorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e entre 2002 a 2020 colaborou na implantação das atividades da Divisão de Meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM).

Atualmente coordenador de Hidrologia do Programa LBA e o editor chefe do Boletim de Monitoramento Climático de Grandes Bacias Hidrográficas: Bacia Amazônica, publicação do INPA, com atualização semanal contendo informações das condições registradas nas principais bacias da região.

Também colabora com o Monitor de Secas da Agencia Nacional de Águas como validador pelo Estado do Amazonas e também com o Alerta de Cheias do Amazonas, evento anual coordenado pelo Serviço Geológico do Brasil SUREG-MA.

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