A taxa de juros do rotativo do cartão de crédito encerrou 2015 em alta. Entre os meses de novembro e dezembro os juros subiram pouco mais de 16 por cento atingindo a marca de 431,4% ao ano.
O número é o maior registrado pelo Banco Central, desde que a instituição passou a divulgar os dados, em 2011. O rotativo do cartão de crédito é a linha pré-aprovada para o cliente que também inclui saques feitos na função crédito. O ex-presidente do Conselho Federal de Economia, o Cofecon, Ermes Tadeu Zapelini, explica que a taxa de juros cobrada nos cartões de crédito pelas instituições financeiras é alta porque os bancos repassam os prejuízos com inadimplência para os clientes.
“Até bem pouco tempo era difícil você conseguir adeptos para o cartão de crédito. Porque havia uma série de exigências, cadastro de rendimento mensal, porque senão tivesse um bom cadastro o que poderia acontecer era uma inadimplência. Aí eles descobriram uma formula que era o seguinte. Vamos aumentar os juros para pagar a inadimplência daqueles que não pagam e vamos cobrar dos pagantes. Com isso, o que aconteceu? Eles transferiram o juro, que poderia ser um juro mais brando, para os devedores do cartão de crédito.”
Em Janeiro, a soma das concessões do rotativo de cartão de crédito chega a 27 bilhões e 254 milhões de Reais, alta de pouco mais de cinco por cento, em comparação ao mês de dezembro do ano passado. Já a inadimplência, ou seja, a quantidade de pessoas que deixaram de pagar o cartão é de quase 40 por cento. Em dezembro de 2015, o índice estava em pouco mais de 40 por cento. Ermes Tadeu Zapelini pede a população que tenha cuidado antes de usar o cartão de crédito para não ficar endividada.
“Em primeiro lugar, você teria que verificar no seu orçamento o que é possível você fazer com o que você tem. Entrar em cartão de crédito, nem no desespero deveria entrar. Porque já sabe que se ele ficar devendo vai pagar esses juros espoliantes.”
Não foi apenas o cartão de crédito que teve um aumento expressivo nos juros. A taxa do cheque especial também subiu. Em janeiro deste ano, os juros atingiram quase 300 por cento. A taxa para a compra de veículos subiu de 26 por cento em dezembro de 2015, para 27 e meio por cento, no mês passado. Já a taxa do crédito consignado atingiu, em janeiro, quase 30 por cento, ao ano.
