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Sérgio Sette Câmara diz ter “adorado” pilotar o carro da McLaren nos testes em Barcelona

Nice, França

A quebra da unidade motriz Renault do modelo MCL34 da McLaren impediu Sérgio Sette Câmara de completar mais de 19 voltas no Circuito da Catalunha, em Barcelona, nesta quarta-feira. O piloto da equipe DAMS de F2 é também piloto de testes do time inglês de F1.

Foi o segundo e último dia de testes coletivos da F1 este ano. Agora, atividade de pista apenas nos 16 GPs que restam do calendário. O próximo, sexto do ano, é o GP de Mônaco, dia 26.

– Fui escalado para realizar uma série de testes aerodinâmicos. Depois poderia exigir mais do carro. Mas na quinta volta em um ritmo um pouco mais normal tivemos o problema no motor. Mesmo assim foi uma experiência bastante válida, adorei, disse Sérgio, de 20 anos.

Nas primeiras voltas, o monoposto da McLaren estava equipado com uma série de equipamentos destinados a medir a velocidade do vento em diferentes áreas do chassi. Isso permite aos engenheiros entender como os fluxos de ar se comportam. A meta é sempre conceber peças que contribuam para aumentar a geração de pressão aerodinâmica.

– Você não pode acelerar fundo, não pode tocar nas zebras, e serve também para você ir se acostumando com o carro. Antes de sentar no cockpit, você faz um curso sobre os muitos recursos disponíveis. É grande a lista de ações que um piloto deve fazer enquanto pilota a fim de otimizar a performance do equipamento.

Depois de 15 voltas, Sérgio foi chamado para os boxes para sair sem os sensores espalhados pela carenagem. Com pneus duros e usados, começou a série de voltas em que estava um pouco mais livre para exigir do MCL34.

– Na realidade, eles deixaram o motor no modo segurança, potência limitada, para reduzir o risco de panes. Mas infelizmente aconteceu.

Não foi a primeira vez

Sérgio Sette Câmara no teste com o STR da Fórmula 1 — Foto: Getty ImagesSérgio Sette Câmara no teste com o STR da Fórmula 1 — Foto: Getty Images

Sérgio Sette Câmara no teste com o STR da Fórmula 1 — Foto: Getty Images

Nessa quatro voltas, Sérgio comentou que a experiência de pilotar um monoposto de F1 não o surpreendeu demais, como aconteceu na primeira vez que teve oportunidade semelhante. Foi no dia 13 de julho de 2016, em Silverstone, com o carro da STR, quando tinha 18 anos e competia na F3 europeia. Hoje é bem mais experiente, está na terceira temporada na F2.

– Obviamente é sempre um F1, mas não houve o mesmo impacto do treino com a Toro Rosso. Tanto que virei 1min21s565 sem maiores dificuldades logo depois de liberado para acelerar mais. Estava, como falei, com pneus duros e com bom número de voltas. O tempo que registrei era mais ou menos o que os titulares obtinham domingo durante a corrida.

O piloto disse que os técnicos apreciaram o seu feedback, as informações passadas por ele para que melhor entendessem o comportamento do MCL34 naquelas condições.

– Segui os procedimentos indicados, não errei e aprendi o possível naquelas poucas voltas para responder em detalhes às perguntas feitas por eles. Eles ganharam mais confiança no meu trabalho, bem importante.

No período da manhã a McLaren escalou o veterano inglês Oliver Turvey, de 32 anos, atualmente na FE, de monopostos elétricos, e vencedor das 24 horas de Le Mans, em 2014. Sérgio acelerou à tarde o carro que o espanhol Carlos Sainz Júnior utilizou para disputar o GP da Espanha, no fim de semana.

Útil para o trabalho no simulador

Sérgio Sette Câmara no lançamento do novo carro da McLaren para 2019 — Foto: Helena RebelloSérgio Sette Câmara no lançamento do novo carro da McLaren para 2019 — Foto: Helena Rebello

Sérgio Sette Câmara no lançamento do novo carro da McLaren para 2019 — Foto: Helena Rebello

Outro objetivo do teste foi familiarizá-lo com o modelo desta temporada a fim de que seu trabalho no simulador da McLaren, na sede de Woking, Inglaterra, tenha o máximo possível de fidelidade.

No fim de semana do GP do Canadá, por exemplo, em que não há provas da F2, Sérgio permanece no simulador. Os engenheiros ajustam o carro como o que está nos treinos livres, em Montreal, e o piloto de testes, em Woking, realiza as mais distintas experiências.

Os dados recolhidos são enviados aos técnicos que estão no Circuito Gilles Villeneuve. São úteis para eles acertarem o carros dos titulares, Sainz Júnior e o inglês Lando Norris, de apenas 19 anos.

As comparações entre o modelo da McLaren que já permitiu a Sainz Júnior receber a bandeirada em sétimo, no GP do Azerbaijão, e oitavo, domingo, em Barcelona, e o seu Dallara-Mecachrome da F2 são inevitáveis. Sérgio comentou:

– O F1 gera muito mais pressão aerodinâmica. Uma coisa bem interessante é que você não tem três fases distintas nas curvas. A primeira de frear com as rodas retas. A segunda é a de você virar o volante. A terceira é com o carro já na curva você voltar a acelerar. Nos carros normais a pilotagem é assim. Na F1, deu para ver que há duas fases, somente, e bem curtas. A primeira você freia com o volante já virando e já em seguida comanda o acelerador. É tudo muito rápido, não há aquela distinção entre as fases mencionadas.

Desafio fascinante

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McLaren

@McLarenF1

We’re back underway here in Barcelona as @sergiosettecama heads out for the afternoon. 🇪🇸

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O piloto da DAMS na F2 comentou ter pensado como deve ser a volta lançada na sessão de classificação na F1, onde os pilotos buscam o limite extremo de performance.

– Fiquei imaginando como o Bottas fez aquela curva 1, onde ele freou e começou a acelerar para estabelecer a pole position, sábado, são frações de segundo. É desafiador e, ao mesmo tempo, prazeroso ao extremo.

Outro aspecto que chamou a atenção do piloto foi a potência. Mesmo com a unidade motriz Renault da McLaren programada para o modo segurança, é bem provável que disponibilizasse algo perto de 900 cavalos. Os carros da F2 desenvolvem 620 cavalos.

Apesar de os discos e as pastilhas da F2 também serem confeccionadas com fibra de carbono, a eficiência dos freios na F1 é bem maior. Sérgio contou que o piloto tem de se habituar à possibilidade de frear bem mais dentro da curva, além de estar consciente de que a velocidade de aproximação das curvas é igualmente bem maior.

– O que mais impressiona é isso, a freada. Ela é bem mais eficaz que na F2 porque a pressão aerodinâmica ajuda muito a manter o carro estável e reduzir a velocidade em menos tempo.

Ajudar na F2

Sérgio Sette Câmara não teve um grande final de semana em Barcelona — Foto: Reprodução/TwitterSérgio Sette Câmara não teve um grande final de semana em Barcelona — Foto: Reprodução/Twitter

Sérgio Sette Câmara não teve um grande final de semana em Barcelona — Foto: Reprodução/Twitter

Ainda que curta, apenas 19 voltas no traçado de 4.655 metros, 16 curvas, a experiência desta quarta-feira com o carro de F1 da McLaren deverá ser útil, segundo contou

Sérgio, também para a F2. Logo em seguida ao fim do treino, ele viajou de Barcelona a Paris a fim de se preparar na sede da DAMS, em Le Mans, para a quarta etapa do campeonato, o GP de Mônaco.

Nas duas últimas provas da temporada Sérgio obteve resultado bem abaixo do planejado e possível, conforme o companheiro na DAMS, o canadense Nicholas Latifi, demonstrou. Na corrida do sábado, em Baku, Sérgio foi tocado por trás pelo italiano Luca Ghiotto, da UNI-Virtuosi, em pleno regime do safety car, e bateu no muro. Ghiotto foi punido.

Isso o fez largar no domingo lá atrás. Mesmo assim obteve a sexta colocação. Sábado, em Barcelona, uma pane elétrica o levou a abandonar quando poderia ter marcado pontos. No domingo, por estar em 18º no grid, não foi além da 17ª colocação. Isso tudo o deixou em sexto na classificação, com 33 pontos. No GP do Barein, primeiro do ano, livre de problemas, o piloto obteve dois pódios, terceiro e segundo.

Latifi está usando sua capacidade de piloto e a experiência de quatro anos na DAMS, sempre na F2, para liderar a classificação, 93 pontos. Ele é piloto de testes da Williams e nesta quarta-feira completou 88 voltas com o modelo FW42-Mercedes do titular Robert Kubica. Na melhor passagem fez 1min18s573, nono tempo.

– Espero que a maré de problemas dê uma trégua para eu disputar a classificação e as duas corridas, em Mônaco, podendo colocar em prática meu prazer e aptidão para acelerar em pistas de rua, comentou Sérgio.

A respeito de como o teste de F1 pode ajudá-lo na F2, disse:

– Vi o que é necessário para pilotar o carro da McLaren, isso abre a sua mente para novas ideias, convida você a fazer algumas coisas diferentes. Quando você pilota um carro grande como o da F1 e em seguida volta para o da F2, menor, você se sente mais em casa.

Sérgio permanece três dias na sede da DAMS reunido com os engenheiros e realizando longas horas de trabalho no simulador programado para o Circuito de Monte Carlo, em Mônaco. Os treinos livres da quarta etapa da F2, nas ruas do principado, começam dia 22, quinta-feira, um antes dos demais GPs.

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