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Reprise dos jogos da seleção da Copa de 1982 é chance para rever ou conhecer time histórico

‘Escrete Canarinho’ que disputou o Mundial da Espanha é lembrado mesmo sem conquistar a taça
Zico corre para comemorar o primeiro gol do Brasil, observado por Sócrates Foto: Anibal Philot / Anibal Philot / Agência O Globo
Zico corre para comemorar o primeiro gol do Brasil, observado por Sócrates Foto: Anibal Philot / Anibal Philot / Agência O Globo

Sinônimo de futebol bem jogado. É comum ouvir esta frase quando falam sobre a seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1982. Um elogio que virou status mantido até hoje. Durante à pandemia do novo coronavírus, os saudosistas – que podem ficar em casa –  irão matar a saudade do ‘Escrete Canarinho’ que encantou o mundo na Espanha. Os mais jovens, que não viveram aquela época, poderão entender o motivo de tantos elogios.

A partir desta terça-feira, o SporTV irá reprisar a campanha brasileira naquele Mundial, iniciando com a estreia contra a URSS e culminando na Tragédia do Sarriá, contra a Itália. Chance de relembrar porque não é apenas com títulos que se entra para a história.

–  Careca foi cortado na chegada à Espanha e Roberto Dinamite foi chamado de volta para o seu segundo Mundial. Os soviéticos tinham mais ucranianos do que russos. O Brasil tinha jogado mês após mês nos dois últimos anos, o que não costumava ser praxe antes de Telê. Ali, começou a trajetória de encantamento de todo o planeta – conta o jornalista Paulo Vinicius Coelho.

– A maioria das pessoas se apaixona pelo jogo pelo bom manejo da bola, pelas demonstrações de talento e pela criação de chances de gols. As seleção de 82 entregava isso em uma época de experiências em Copas perdidas com derrotas marcantes, algumas para times europeus, onde existia um fantasma de um jogo de mais força. Existia um debate no país se esse era o caminho a seguir e essa seleção aparece mostrando o contrário – opina o colunista Carlos Eduardo Mansur.

PAOLO ROSSI MARCA UM DOS DOIS GOLS FEITOS POR ELE PELA ITALIA Foto: ARQUIVO / AGÊNCIA O GLOBO
PAOLO ROSSI MARCA UM DOS DOIS GOLS FEITOS POR ELE PELA ITALIA Foto: ARQUIVO / AGÊNCIA O GLOBO

Waldir Peres; Leandro, Oscar, Luizinho e Júnior; Toninho Cerezo, Sócrates, Falcão e Zico; Serginho e Éder. Nomes na ponta da língua, mas foi o técnico Telê Santana quem transformou um apunhado de grandes jogadores em uma das maiores seleções de todos os tempos. Um dos motivos era o padrão tático considerado revolucionário na época.

– O Brasil tinha muito avanço dos volantes e uma linha de defesa alta, algo que não era comum. Falcão e Cerezo invertiam posiçõs, Zico jogava nas costas dos volantes adversários, Sócrates pisava na área. Era um time muito móvel em uma época onde o futebol era muito rígido taticamente – conta Mairon Rodrigues, analista de desempenho e scouter do ‘Footure’.

A seleção de 1982 causou tanta influência nas gerações seguintes que, mesmo após 38 anos, segue modelo de inspiração. Tite, por exemplo, revelou que aquele esse estilo moldou a sua equipe que disputou o Mundial da Rússia, em 2018.

– A essência do futebol é o atleta. É a sua criatividade. É a capacidade técnica do jogador – comentou Tite, no evento ‘Somos Futebol: 2ª Semana de Evolução’.

COPA DO MUNDO DE 1982, NA ESPANHA. JOGO BRASIL 2 X NOVA ZELÂNDIA 1. Foto: Anibal Philot / ANIBAL PHILOT - AGÊNCIA O GLOBO
COPA DO MUNDO DE 1982, NA ESPANHA. JOGO BRASIL 2 X NOVA ZELÂNDIA 1. Foto: Anibal Philot / ANIBAL PHILOT – AGÊNCIA O GLOBO

Protagonistas

Aquela Copa também tem um gosto especial para Falcão, que decidiu escrever o livro “Brasil 82 – O time que perdeu a Copa e conquistou o mundo”. Nele, conta episódios daquele Mundial sob a ótica dos jogadores.

– A seleção jogava bem e fazia aquilo que as pessoas sempre gostavam que as pessoas fizessem: emocionar. Quando você emociona, você fica na história. Quando você ganha sem emocionar, você vira um dado estatístico. Eu não mudaria nada, porque se a gente mudasse alguma coisa talvez essa seleção não fosse tão querida hoje. Essa seleção ganhou, muitas vezes levantar um caneco não é o mais importante. Importante é permanecer ao longo do tempo sendo reconhecido com vencedor – conta Falcão.

Os convocados venceram as barreiras do tempo e da tecnologia. Boa parte divide um grupo de WhatsApp criado pelo ex-zagueiro Juninho Fonseca, em 2017, que teve a iniciativa ao sentir que os companheiros estavam afastados.

Outro ponto marcante da campanha foi a trilha sonora Apesar de comum desde 1958, nenhuma fez tanto sucesso quanto o samba “Voa Canarinho, voa”, gravado por Junior antes de embarcar para a Espanha. A canção fez tanto sucesso que é entoada até hoje e foi regravada em 2014.

– A “Voa Canarinho” foi na carona das grandes atuações da seleções. Tudo isso ajudou para que a música ficasse no ouvido das pessoas. Eu, mesmo sem ser cantor, tenho o disco de ouro e o disco de platina – brinca.

BRASIL, 4 X NOVA ZELÂNDIA O ESTÁDIO BENITO VILLAMARIN- SEVILHA - ZICO MARCANDO O PRIMEIRO GOL Foto: Sebastião Marinho / ANIBAL PHILOT - AGÊNCIA O GLOBO
BRASIL, 4 X NOVA ZELÂNDIA O ESTÁDIO BENITO VILLAMARIN- SEVILHA – ZICO MARCANDO O PRIMEIRO GOL Foto: Sebastião Marinho / ANIBAL PHILOT – AGÊNCIA O GLOBO

A seleção de Telê no SporTV, 38 anos depois

Brasil 2 x 1 URSS – Terça-feira, às 19h

Brasil 4 x 1 Escócia – Quarta-feira, às 19h

Brasil 4 x 0 Nova Zelândia – Quinta-feira, às 19h

Brasil 3 x 1 Argentina – Sexta-feira, às 19h

Brasil 2 x 3 Itália  – Sábado, às 17h30

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