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Recuperado após ser infectado pelo novo coronavírus, Roger Gracie alerta: “Não é brincadeira”

Por Marcelo Barone — Rio de Janeiro

Um dos maiores nomes da história do jiu-jítsu competitivo e ex-lutador do UFC, Roger Gracie – radicado há anos em Londres, na Inglaterra – foi infectado pelo novo coronavírus no mês de março. E o atleta de 38 anos, faz um alerta, em entrevista ao Combate.com: “Não é brincadeira”.

Recuperado, Roger Gracie conta que começou a sentir os sintomas da COVID-19 no último mês, quando a tosse e a febre alta apareceram. A falta de ar, um dos sinais mais fortes da doença, apareceu em apenas um dos dez dias em que ficou doente. Ele chegou a entrar na ambulância para ser levado ao hospital, entretanto, os médicos o examinaram e decidiram que o melhor seria continuar em casa.

Roger Gracie garante que está 100% após ficar dez dias doente — Foto: Getty ImagesRoger Gracie garante que está 100% após ficar dez dias doente — Foto: Getty Images

Roger Gracie garante que está 100% após ficar dez dias doente — Foto: Getty Images

– Eu peguei o vírus, me recuperei há duas semanas. Fiquei bem mal, de cama. É bom falar, porque muita gente não tem noção exatamente do que é, acha que não vai ser afetado, que nunca vai chegar nele. Fiquei dez dias de cama, com 40 graus de febre e tosse. Eu senti falta de ar um dia, ainda bem que não progrediu. Acordei de madrugada com o coração acelerado, com falta de ar. Liguei para a ambulância, até entrei nela. Fizeram os testes, ligaram para o chefe da medicina e acharam melhor eu ficar em casa.

– Fiquei assustado quando não melhorou. No oitavo dia eu fiquei preocupado, porque achei que estava melhorando, a febre baixou. No dia seguinte, voltou violenta, me senti bem fraco, estranho. Cada pessoa sente diferente. A maioria sente um resfriado. A minha namorada também pegou, ficou quatro dias com 38 ou 39 graus de febre, fraca, com dor no corpo e passou. A minha febre foi a 40 graus. Eu tossia o tempo todo, o que destrói é a febre, que vai lá em cima.

Embora o grupo de risco do novo coronavírus envolva idosos e indivíduos com doenças pré-existentes, Roger Gracie frisa que os demais não podem se descuidar, porque há vítimas fatais dentre jovens e pessoas com histórico saudável.

– É bom as pessoas saberem que eu peguei. Tem muito amigo que eu conversei, que achava que eu não pegaria por ser saudável, jovem. Tem muita gente morrendo. Um amigo de um amigo, na Itália, era maratonista, tinha 35 anos e morreu. O primo da namorada do meu professor tem 30 anos e está internado. E há milhares que não conhecemos. É preciso conscientizar. A doença realmente afeta mais o frágil, o mais velho, mas também as outras pessoas. Não pode negligenciar. Não é brincadeira – afirmou o decacampeão mundial de jiu-jítsu.

Recluso em casa com os dois filhos – ambos não apresentaram sintomas do novo coronavírus -, Roger Gracie está há um mês sem treinar, tempo recorde desde que está no esporte, devido à pandemia. A academia, fechada há quatro semanas, agora, funciona somente online, uma forma de manter o emprego dos 22 funcionários e os alunos em atividade dentro de suas casas.

– Eu tenho 22 pessoas que trabalham para mim na academia, contando todos os funcionários, professores, recepcionistas… Transferimos para as aulas online, então está funcionando assim desde que fechou. Se todo mundo cancelar a mensalidade, são 22 pessoas sem se sustentar. É difícil, mas vou continuar pagando os funcionários. É um dever com eles, que dependem disso para sobreviver. Não posso deixá-los na mão. A maioria dos alunos ficaram, mas muitos saíram, o que é compreensível, porque tem muita gente perdendo o emprego.

– É uma situação que ninguém nunca viu, ninguém jamais presenciou o que está acontecendo agora. Não só a gente com a academia, mas o comércio em geral, o business, a economia… Todo mundo vai sofrer, mesmo quando tudo for reaberto. Se as coisas continuarem fechadas, será uma crise mundial, porque muita gente depende do comércio – explicou o ex-campeão do One Championship, que perdeu a receita com os inúmeros seminários que ministra com frequência.

Roger Gracie venceu Marcus Buchecha em sua última luta de jiu-jítsu — Foto: Carlos Arthur Jr.Roger Gracie venceu Marcus Buchecha em sua última luta de jiu-jítsu — Foto: Carlos Arthur Jr.

Roger Gracie venceu Marcus Buchecha em sua última luta de jiu-jítsu — Foto: Carlos Arthur Jr.

Aposentado do MMA e do jiu-jítsu desde 2017, Roger Gracie não considera a possibilidade de reaparecer no cage ou nas competições da arte suave. O seu desafio tem sido como “homem de negócios”, em busca da expansão de sua academia.

– Estou 100% aposentado. Desde que eu parei de lutar, meu estilo mudou. Há mais de um ano eu treino duas vezes por semana, uma até, viajo muito. Estou com mais de 50 franquias da minha academia, o que me ocupa bastante. A academia aqui cresceu muito. É diferente você ter 200 alunos e ter mil alunos. São 22 funcionários, é reunião quase todo dia. Eu escolhi isso. Quero montar várias academias próprias, crescer essa parte de negócios. Não dá para fazer isso e querer se atleta. Lutar não é mais viável, tanto MMA quanto jiu-jítsu.

– Estou gostando, são desafios diferentes. Sabia que isso ia acontecer mesmo antes de me aposentar. É natural, não dá para ser atleta para sempre. Eu nunca me vi lutando no “master”. Eu dei o máximo de mim quanto estava no auge. Em um ano e meio faço 40 anos, não posso achar que vou ser o mesmo que eu era aos 25, 30 anos. É uma ilusão. Tem que aceitar as limitações e ir para a próxima fase. O erro é achar que pode ser atleta para sempre.

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