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ONGs e empresas querem dar escala para projetos de restauração na Amazônia

Em 2015, ao assinar o Acordo de Paris, o Brasil se comprometeu com uma meta ousada: recuperar 12 milhões de hectares de florestas em todo o país. Essa meta foi reafirmada no começo de 2017, com o lançamento da Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa. A meta foi bem recebida e é considerada como uma das principais estratégias do Brasil para conter o aquecimento global e chegar a um desmatamento líquido zero no Brasil. Só há um problema: nós ainda não sabemos como fazer uma restauração de florestas desse tamanho.

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Uma aliança formada por ONGs, empresas do setor florestal e governos estaduais da região da Amazônia decidiu encarar esse desafio. O grupo assinou um pacto pela restauração de florestas na Amazônia nesta segunda-feira (30), em Belém, Pará. A ideia é conseguir tirar do papel as boas intenções de recuperar a mata nativa.

Segundo Rodrigo Medeiros, vice-presidente da ONG Conservação Internacional-Brasil, o objetivo do pacto é superar a lógica atual da restauração florestal. Há, espalhados pelo país, diversos projetos de restauração. Em geral, são projetos demonstrativos ou de pesquisa, em pequena escala, e organizados de formas diferentes por diferentes ONGs ou empresas. Se todas essas iniciativas começarem a conversar entre si, elas podem criar a escala necessária para fazer a restauração funcionar do ponto de vista econômico. “Esta é a ambição: sair de uma escala pequena, demonstrativa e desarticulada para permitir que o Brasil consiga atingir e superar sua meta de restauração.”

O grupo sabe que essa ambição só se concretizará se contar com o apoio de todos os setores. Por isso, algumas empresas do setor florestal já fazem parte do compromisso, como a Amata e a Fazenda Brasil. A aliança espera poder incluir outros setores também, como da soja e da pecuária.

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Os planos para dar escala para a restauração florestal na Amazônia começam pelo planejamento territorial. Segundo Aurélio Padovezi, gerente de florestas do World Resources Institute (WRI), é preciso saber onde estão as áreas degradadas com o melhor custo-benefício, tanto econômico quanto ecológico, para ser restauradas. Além disso, o planejamento tem de prever as áreas de expansão da produção de commodities.

Mas o principal desafio é transformar a restauração em um negócio lucrativo. “A floresta precisa gerar renda. Ela precisa necessariamente oferecer um produto além dos serviços ambientais”, diz. A ideia é que os produtores possam tirar renda das áreas de florestas que são obrigados a conservar, como a Reserva Legal, uma parte da propriedade que não pode ser derrubada (na Amazônia, essa percentagem varia de 50% a 80%). Produtos não madeireiros poderiam ser explorados nessas áreas, usados na produção de cosméticos ou fármacos, por exemplo, impulsionando a lógica de uma economia de baixo carbono na Amazônia.

A restauração florestal é uma peça importante da política ambiental brasileira. Mas, para que ela funcione bem, o Brasil precisa também resolver um problema mais básico: o desmatamento. Pelo segundo ano consecutivo, o desmatamento cresceu na Amazônia. Controlando o desmatamento e recuperando áreas nativas, o Brasil poderá, enfim, alcançar o desmatamento zero na Amazônia.

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