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Massacre: IML do Amazonas já iniciou liberação de corpos para familiares de presos

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O Instituto Médico Legal (IML) em Manaus já iniciou a liberação dos corpos dos presos mortos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP). A informação é da Secretaria da Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).
Nessa terça-feira (3), foram liberados nove corpos. Mais 30  já estão identificados, mas ainda não tiveram os procedimentos concluídos para liberação. Os nomes só serão informados à medida que as famílias forem comunicadas.
Foram liberados os corpos de: Raijean da Encarnação Medeiros, Arthur Gomes Peres Júnior, Magaiver Vieira Rodrigues, Dheick da Silva Castro, Francisco Pereira Pessoa Filho, Rafael Moreira da Silva, Erraison Ramos de Miranda, Lucas Alves de Souza e Rafael Moreira da Silva.
Uma Força-Tarefa coordenada pelo Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC), da SSP-AM, e apoio de funcionários do Sistema Prisional, trabalha na identificação dos mortos por meio de impressões digitais e arcada dentária. “A análise está sendo feita por peritos capacitados do Instituto de Criminalística, Instituto de Identificação e IML e com insumos suficientes para examinar todos os corpos, identificar e liberar o mais rápido possível”, afirmou Jéferson Mendes, diretor do DPTC.
Na segunda-feira (2), foram realizadas coletas de informações junto aos familiares das vítimas, que passaram por uma entrevista com psicólogos do IML, onde informaram características físicas específicas dos presos.
Psicólogos e o Serviço Social do IML estão em contato permanente com as famílias para auxílio até que os corpos sejam identificados e liberados.
O atendimento para os familiares dos presos foi reforçado nesta terça-feira, com um núcleo direcionado para serviços de informações e acolhimento, por meio de parceria entre DPTC, Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Secretaria de Estado de Ação Social (Seas) e Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).

O diretor do DPTC (Departamento de Polícia Técnico Científica) da Polícia Civil do Amazonas, Jeferson Mendes, afirmou, em coletiva a imprensa no IML (Instituto Médico Legal) nesta terça-feira (3) que, dos 60 corpos de detentos mortos na UPP (Unidade Prisional do Puraquequara) e no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), 39 já foram identificados e dez corpos foram liberados para as famílias. Até agora apenas quatro famílias se apresentaram para retirada dos corpos.

Ainda segundo o diretor do DPTC, dos 39 identificados, 30 foram decapitados. Mendes afirmou que o IML está usando como método de identificação dos mortos a análise das arcadas dentárias e impressão digital, além de informações repassadas pelas famílias.

Foram 56 mortos no Compaj e quatro na UPP. No total, foram 60 mortos no sistema prisional de Manaus em menos de dois dias. Entre os 39 corpos identificados, 36 são do Compaj e três da UPP.

Na coletiva, Mendes afirmou que os técnicos são preparados para o serviço de identificação de cadáveres em situações diversas, mas o estado dos corpos chocou os funcionários do IML. Segundo Mendes, os corpos que estão dando mais trabalho para a identificação são os carbonizados. Ele não soube informar, na entrevista, quantos estão nesta condição. O diretor do DPTC disse que todas as folgas de funcionários do IML foram suspensas e que os peritos estão trabalhando até de madrugada para acelerar a identificação.

“Nossos peritos estão preparados para atuar neste tipo de ação. Mesmo assim é algo chocante. Conversando com eles (peritos), eles dizem  que nunca viram corpos da maneira como estão estes. Mas mesmo assim estamos preparados.”

Sem armas de fogo

Até o momento, segundo a polícia, não há sinais de mortes por armas de fogo. “A causa mortis que encontramos aqui foram pessoas degoladas, corpos com diversas fraturas e dilacerações. Até o presente momento não encontramos sinais de armas de fogo. Apenas marcas de estoques e perfurações de aparelhos cortantes e contundentes”, afirmou Mendes.

O chefe do DPTC afirmou a análise das arcadas dentárias e impressão digital foram escolhidos por serem mais céleres em relação a exames de DNA, embora, segundo ele, o Estado do Amazonas tenha estrutura que permite a identificação de todos os corpos por esta última opção.

“Este é um procedimento usado internacionalmente. Fazemos a identificação por meio de impressão digital e, não conseguindo, tentamos por meio da arcada dentária com informações cedidas pela Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Amazonas). A terceira tentativa é o exame de DNA, que é um exame que demanda um tempo e uma técnica mais apurada”, disse.

Jeferson Mendes afirmou que a equipe do Instituto de Criminalística da Polícia Civil visitou o local do massacre de presos no Amazonas e está apurando informações mais precisas sobre as armas usadas para matar os detentos. Esse trabalho, segundo ele, facilitaria a conclusão da perícia nos corpos para apontar a causa da morte de cada um dos presos.

Mas, segundo Mendes, é um trabalho que demora ao menos 30 dias para ser concluído. “É  um laudo de maior complexidade e vai demorar de 30 a 60 dias. Os peritos têm imagens que serão encaminhadas para as autoridades requisitantes”, disse.

Até agora, 34 horas após o fim da rebelião, a Polícia Civil e o IML não divulgaram os nomes dos mortos e as famílias permanecem de vigília em frente ao prédio do instituto. De acordo com Mendes, a partir de hoje será montada uma estrutura para atendimento adequado dos familiares dos presos num prédio anexo ao IML com funcionários da Secretaria de Assistência Social e Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas.

“Vamos divulgar os nomes primeiro para as famílias, e depois os tornaremos públicos”, justificou Mendes

A rebelião em Manaus durou cerca de 17 horas e começou na tarde de domingo (1º). A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas atribuiu o que aconteceu a uma disputa entre as facções rivais FDN (Família do Norte) e PCC (Primeiro Comando da Capital), pelo controle do tráfico de drogas em Manaus.

Trata-se da maior matança registrada em presídios desde o massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos em 1992, em São Paulo.

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