Posto de combustíveis na Zona Norte do Rio — Foto: Fábio Rossi
D’Agosto concorda e acrescenta: nas estradas ou vias expressas, onde a velocidade mais alta é permitida, é menos vantajoso dirigir com as janelas abertas:
— Com os vidros fechados, a resistência aerodinâmica é reduzida, e a economia de combustível pode chegar a 10%.
Pé leve? Depende
Outra estratégia que faz parte da rotina de muitos motoristas é a redução da velocidade média. Muitos caminhoneiros adotam a prática, ainda que isso torne as viagens mais longas.
Para os especialistas, no entanto, a condução mais lenta não necessariamente faz o veículo poupar combustível. O que interfere é se a velocidade é estável num determinado trecho, evitando acelerações e frenagens bruscas.
— O motorista precisa manter a rotação do motor na faixa de 2 mil RPM (rotações por minuto), trocando a marcha de maneira correta para ficar nesse nível. Isso também vale para veículos pesados, mas no caso do ônibus e caminhões, é preciso olhar o que o fabricante indica — diz o professor da UFRJ.
Veículos automáticos, lembra, são em tese programados para cumprir a lógica de menor consumo, mas é preciso prestar atenção se o carro foi bem regulado e avaliar isso nas manutenções. No caso dos carros convencionais, cabe ao motorista a boa condução. Segundo o especialista, a direção eficiente pode resultar numa economia de 5% a 20%.
Posto de combustível na Via Dutra, que liga São Paulo ao Rio — Foto: Hermes de Paula
— A curva de consumo de combustível tem um ponto onde o gasto é mínimo, que é justamente a rotação que precisa ser mantida para que esse nível ótimo. Se você acelera o motor, ele dispara as rotações. O que a marcha faz é justamente controlar a rotação em função da velocidade que você está trafegando.
‘Banguela’ ladeira abaixo? Nada disso
Nas descidas, conduzir o veículo em ponto morto, prática conhecida como “banguela”, além de muito perigoso para o caso de ser preciso frear, aumentando o risco de acidentes, não traz economia.
Os especialistas apontam que isso pode provocar desgaste excessivo no sistema de freio, principalmente em veículos mais pesados, o que pode gerar inclusive custos adicionais. O certo é descer com o veículo engrenado.
D’Agosto lembra que a manutenção em dia é essencial. Filtros de ar e combustível devem ser limpos com frequência e velas precisam ser trocadas, seguindo as recomendações do fabricante, e os pneus devem ser mantidos na calibragem recomendada. Tudo para melhorar a performance do veículo.
Carregar só o necessário
Além disso, peso excessivo deve ser retirado do porta-malas: a carga desnecessária sobrecarrega o veículo, que precisa de mais força para acelerar, e, por isso, consumir mais combustível. Pense bem no que levar durante a viagem e fique só com o que realmente será necessário.
Já o peso do tanque, é relativo. Há quem diga que é mais econômico abastecer pouco a pouco ao longo da viagem para reduzir o peso do carro. Para D’Agosto, abastecer menos para trafegar com o carro mais leve não traz muita economia, principalmente se o motorista eventualmente calcular mal o consumo e ficar sem combustível.
Via Dutra: desempenho dos automóveis em rodovias favorece economia de combustível — Foto: Marcia Foletto
As paradas nos postos também vão afetar a performance geral, reduzindo o período em “velocidade de cruzeiro”. Dantas avalia que o abastecimento deve acompanhar o consumo:
— O tanque precisa estar na medida da sua necessidade. Ficar com o tanque cheio e não usar é carregar peso desnecessário, mas trafegar com pouco combustível também é perigoso e pode comprometer o desempenho do veículo.
Para ambos os especialistas, o motorista precisa, sobretudo, abastecer em postos confiáveis, para evitar combustíveis adulterados ou de má qualidade, o que pode comprometer a mecânica do veículo. Aí o peso no bolso pode ficar muito maior. É preciso ficar de olho no consumo do carro:
— Basta anotar a quilometragem feita e o volume de combustível. Quanto maior a taxa de km por litro, melhor — diz o professor da UFRJ.
Resumo das dicas:
Constância e fluidez
A condução em velocidade baixa não necessariamente aumenta a economia de combustível. Os especialistas explicam que, na verdade, o que importa é a constância, sem que o condutor fique acelerando ou freando bruscamente, o que aumenta o consumo de combustível.
Marcha na hora certa
Alinhada a evitar o freio ou aceleração repentina, troque a marcha na hora certa, para que a rotação no motor se mantenha na faixa de 2 mil RPM (rotações por minuto), quando o consumo de combustível é reduzido. No caso de veículos pesados, como ônibus e caminhões, é preciso checar quais são as determinações da montadora, que sinaliza os limites no painel.
Manutenção em dia
É importante seguir as orientações do manual do fabricante, respeitando os prazos para troca de componentes, como velas e filtros de ar e de óleo.
Pneus calibrados
Os pneus também devem receber atenção. Normalmente, o fabricante determina na parte interna da tampa de abastecimento qual a calibragem indicada se o carro estiver apenas com o motorista ou com a capacidade total de passageiros. Calibre com frequência: pneus murchos geram mais área de atrito do carro com a pista, além de se deformarem mais, gastando mais energia.
Peso extra
Pare de usar o porta-malas como um “estoque” de coisas que podem ser usadas em situações esporádicas: peso em excesso e desnecessário faz o carro precisar de mais força para acelerar, e, por isso, consumir mais combustível.
Ar-condicionado desligado
Trafegar com o ar desligado quando estiver rodando dentro da cidade é uma estratégia valiosa. Isso porque o aparelho puxa mais energia do motor para acionar o compressor para que a refrigeração aconteça. Se estiver trafegando em estradas, com uma velocidade mais alta e constante, o impacto é menor.
Janelas abertas ou fechadas?
Em estradas ou vias expressas, onde o motorista pode trafegar em velocidades mais altas, o indicado é que as janelas sejam mantidas fechadas. Isso porque o vidro aberto aumenta a resistência aerodinâmica do veículo, que passa a gastar mais energia.