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Deputados do PT pressionaram Cardozo após apurações contra Lula

Grupo cobrou providências sobre vazamentos e condução dos trabalhos da PF

O deputado Wadih Damous , um dos que foram pressionar o ministro Cardozo – Pedro Kirilos/13-08-2012 / Arquivo O Globo
BRASÍLIA – As investigações em torno ao ex-presidente Lula, que envolvem o apartamento tríplex no Guarujá e o sítio em Atibaia, reascenderam fortemente no PT a animosidade contra o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e as pressões para que deixe o cargo. Cardozo pode oficializar sua saída ainda nesta segunda-feira.

Na semana passada, como mostrou O GLOBO, um grupo de deputados petistas, entre eles o líder na Câmara, Afonso Florence (PT-BA), Wadih Damous (PT-RJ) e Moema Gramacho (PT-BA), estiveram no Ministério da Justiça e cobraram duramente de Cardozo providências sobre os vazamentos das investigações sobre Lula e sobre a forma como a Polícia Federal está conduzindo os trabalhos. Os deputados alegaram que Lula havia se tornado “alvo preferencial” e que havia “descontrole” na condução das investigações.

Os deputados subiram o tom com o ministro e um deles chegou a dizer que, caso Cardozo não tomasse providências, “Lula acabaria sendo preso”.

Segundo relatos, o ministro respondeu ser “praticamente impossível” identificar e impedir os vazamentos de informações e disse que o controle aos trabalhos da PF só é possível em casos de violações. Na visita, ficou reforçada a ideia de que a presença de Cardozo no aniversário do PT não seria conveniente e que sua permanência no cargo não agrada ao partido.

LAVA-JATO

A possível saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça gerou forte preocupação entre agentes da Polícia Federal responsáveis pelas investigações na operação Lava-Jato. Há uma avaliação de que a decisão do ministro de deixar o cargo se deve ao fato de ele não ter resistido às pressões do PT para controlar a atuação dos investigadores, em especial no caso do ex-presidente Lula.

O temor entre os policiais é sobre as motivações e as implicações que a saída de Cardozo pode ter sobre a autonomia das investigações da Lava-Jato. A entidade que representa os agentes da PF deve manifestar em nota, ainda hoje, a preocupação sobre o caso.

Em nota, o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), diz estranhar a possível saída de Cardozo do cargo.

“A sociedade deve ficar atentar a uma possível mexida de cadeiras na Esplanada com o objetivo de tentar amenizar a situação daqueles que estão enrolados nas principais operações de investigação em curso. É preciso lembrar que a Polícia Federal, que vem realizando um trabalho sério nesta área, não poderá sofrer qualquer revés, a partir de ingerências políticas”, disse Bueno.

Na avaliação do parlamentar, o PT quer afastar Cardoso para transformar a PF numa polícia política.

“No PT, a lógica é inversa: quem está atrás das grades ou na iminência de parar lá é tratado como herói. Já quem se posiciona no sentido de cumprir a Lei, que parece ser o caso do atual ministro, é alvo de pressões políticas para deixar o cargo. Ou seja, estamos diante de uma ação do partido de Dilma para cortar a cabeça de Cardoso e transformar a PF em um órgão político”, comentou.

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