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Ataques se espalham e medo toma conta do Ceará. Nesta quarta, 21 presos de facções criminosas foram transferidos para presídio federal de Mossoró-RN.

A onda de violência que assombra a população do Ceará continua preocupando as autoridades de segurança pública. Ao todo, 185 pessoas já foram detidas suspeitas de participação nos mais de 160 ataques contra ônibus coletivos, prédios públicos, comércios e agências bancárias. Os confrontos, que se alastram por quase todas as regiões do estado, já deixaram dois suspeitos mortos após trocas de tiro com as forças de segurança.

Na madrugada desta quarta-feira (9), 21 presos de facções criminosas que atuam no estado foram transferidos para o presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Na última terça-feira (8), os criminosos incendiaram ônibus em Fortaleza e nos municípios de Aracati, na região do Jaguaribe, e Maranguape, na região metropolitana da capital. O carro de uma autoescola também foi queimado e um grupo tentou explodir uma ponte no município de Caucaia, também na região de Fortaleza.

A professora aposentada Eva Gomes, de 60 anos, é moradora do Bairro Lagoa Redonda, em Fortaleza. Ela conta que está com medo de sair na rua e que a onda de violência na cidade obrigou até o comércio local a fechar as portas.

“Eu, por exemplo, não estou nem saindo de casa. Está tudo fechado. Aqui no meu bairro, mercantil é tudo fechado, farmácia, tudo. Nada está funcionando.”

Para tentar conter a situação, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou, inicialmente, o envio de 300 homens da Força Nacional para reforçar o patrulhamento no estado.

Nesta terça, o governo Federal informou que outros 200 policiais serão designados para atuar no Ceará. Até agora, pelo menos 100 agentes do efetivo extra já chegaram às cidades e reforçam a segurança da população. Policiais militares da Bahia também chegaram ao Ceará para ajudar no combate à onda de crimes.

Força Nacional

Ao analisar a situação, o especialista em Direito Penal e membro da Comissão Especial de Segurança Pública da OAB, Leonardo Pantaleão, afirma que os ataques são uma retaliação ao poder público, que tenta enfraquecer a influência das facções criminosas dentro dos presídios.

Para ele, o trabalho de inteligência conjunto das equipes estaduais e federais deve continuar até inibir as ações violentas orquestradas por esses grupos.

“O que precisa ser feito, ao meu sentir, é, de fato, uma união entre o estado e o governo Federal para que juntos possam combater esse ataque e, acima de tudo, mostrar que o crime organizado jamais vencerá um estado organizado.”

Uma das cidades alvo de ataques foi Crateús, no Centro-Oeste do estado. Na madrugada desta segunda-feira (7), dois caminhões de coleta de lixo foram incendiados.

De acordo com o sargento Chaves, do 7° Batalhão de Polícia Militar de Crateús, a situação na região não está tão crítica como na capital, mas os municípios da área seguem em alerta para possíveis ações criminosas.

“As regiões que compreendem o Batalhão estão reforçando todas as cidades para aumentar o número de policiais, para que façam um serviço de prevenção e os ataques não aconteçam nessa região, e também possam dar segurança à população das regiões vizinhas.”

Ainda segundo o sargento, um homem que não teve a identidade revelada foi preso na cidade por tentativa de ataque ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Crateús. A suspeita é de que ele pertença à facção criminosa Guardiões do Estado (GDE).

O governador do estado, Camilo Santana (PT), afirmou que mantém diálogo com o Governo Federal para “unir forças” no combate ao crime organizado. Segundo ele, essas ações devem “ser feitas de forma cooperada.”

(reportagem Marquezan Araújo/Agência do Rádio)

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