14/04/13 – A solução para o problema do escoamento da produção agrícola passa pela transferência do embarque dos portos de Paranaguá e Santos, na Região Sudeste, para terminais da Região Norte. Especialistas destacam que os portos de Santarém, no Pará, e São Luís, no Maranhão, são mais próximos geograficamente do Centro-Oeste e que sua utilização ajudaria a desafogar a sobrecarga.
Entretanto, para viabilizar o embarque pela Região Norte, é preciso concluir obras como a da BR-163 e da Ferrovia Norte-Sul, que marcham em ritmo lento. Além disso, como o volume produzido tende a aumentar e há uma defasagem histórica, o País terá que elevar drasticamente os investimentos em infraestrutura para atender às necessidades de escoamento de cargas.
O superintendente de logística operacional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Eduardo Tavares, explicou que o governo tem de concentrar obras, dar prioridade à BR-163 e à Ferrovia Norte-Sul. “No caso do agronegócio, chegou o momento de a gente tomar como prioridade essas operações que levam o produto para o Norte de forma a não sobrecarregar Paranaguá e Santos. De uma safra de 87 milhões de toneladas de soja, em torno de 30 milhões são retiradas apenas por dois portos”, defende.
A entidade, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), concluiu estudo no início do mês apontando que no cenário atual o transporte por rodovias sai mais barato do que o multimodal, apesar de produtores reclamarem do valor do frete. “Fizemos o estudo em março e fica quase o dobro. Enquanto o frete rodoviário sai a R$ 370, quando descarregamos e levamos para portos do interior [a fim de encaminhar para portos maiores] o preço sobe e atinge de R$ 650 a R$ 690″, informa.
Para Tavares, “já está na hora de o governo buscar alternativas de modo de transporte”. Entre elas, segundo ele, é melhorar a operação dos pequenos terminais hidroviários e dos portos e investir no modal ferroviário.
Maurício Lima, diretor de capacitação do Instituto de Logística e Suply Chain (Instituto Ilos), empresa de estudos e consultoria em logística, é outro a defender que a transferência dos embarques de grãos para portos da Região Norte é uma boa saída. Mas, segundo ele, a viabilização dos terminais de Santarém e São Luís resolve o problema apenas no médio prazo. “Segundo projeção nossa, até o ano de 2020 haverá aumento de área cultivada e aumento sucessivo da produção agrícola no Brasil. Mesmo escoando pelo Norte, continuará aumentando o volume para Paranaguá e Santos. Grande parte da capacidade dos portos brasileiros já está tomada”, disse.