Talvez você já tenha passado por isso, ainda passe ou conhece alguém que enfrenta esse problema. Ficar “dolorida” após uma transa mais selvagem é OK, sentir um leve incômodo quando você está de TPM é normal – o problema é quando toda e qualquer relação envolve uma dor latente, persistente e inibidora.
Estudos estimam que 5% da população tenha o problema, mas há quem diga que esse número pode ser maior. O termo não é muito conhecido e, muitas vezes, o diagnóstico demora a aparecer. O vaginismo é uma disfunção da musculatura que envolve o canal vaginal (o famoso assoalho pélvico), quando ela contrai involuntariamente – o certo é que os músculos relaxem quando há excitação, mas independente do desejo isso não ocorre.
POR MAIS QUE AS MULHERES SINTAM DESEJO, TENHAM INTERESSE EM TER A RELAÇÃO, ELAS NÃO CONSEGUEM FAZER COM QUE A PENETRAÇÃO ACONTEÇA. EM CASOS MAIS GRAVES É IMPOSSÍVEL USAR ABSORVENTES INTERNOS E ATÉ MESMO REALIZAR EXAMES GINECOLÓGICOS.
A dor pode variar muito de paciente para paciente, principalmente dependendo da gravidade do caso. Porém o termo que Débora mais escuta é este: “Elas costumam chegar ao consultório e relatar que parece haver uma parede no canal vaginal”. E isso pode acontecer em casos de vaginismo e dispareunia, tanto primários quanto secundários. A diferença entre primário e secundário é que no segundo a dor é decorrente de uma causa psicológica ou física, não sendo a primeira relação sexual. “Pode ser uma alteração orgânica como candidíase ou uma infecção urinária que causa dor na relação e cria a memória sexual daquilo. Então quando tiver uma nova tentativa, ela vai acabar contraindo involuntariamente para ‘fugir’ da dor”, afirma a fisioterapeuta.
Ao contrário do que muita gente pode pensar mulheres com vaginismo não têm dores tão agudas por não estarem excitadas. “As relações externas são boas, mas o momento da penetração é que é ruim. Muitas vezes elas chegam no consultório e já desistiram da penetração, e preferem fazer sexo oral e ficar com a masturbação, podendo ter orgasmos”.
Então qual é a causa?

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Porém não se confunda: o tamanho do pênis não tem relação com a dor. Ele pode sim causar um incômodo, mas nunca transformar a transa em algo horrível. “O pênis sempre parece maior do que o canal vaginal, mas a verdade é por sua musculatura estar mais rígida a penetração é difícil ou dolorida. A anatomia vaginal se modifica para ‘receber’ o membro”, alerta a fisioterapeuta.Basta encontrar uma posição confortável para vocês dois!
Mas há luz no fim do túnel

Se notar que não consegue ter penetração de jeito algum – ou que transar está sendo algo mais doloroso do que deveria -, corra para o(a) ginecologista. Assim você já elimina possíveis causas orgânicas dessa dor. Após constatar que não há nada de errado com a saúde da sua pepeka e ainda assim não conseguir fazer sexo, experimente uma consulta com um(a) fisioterapeuta especializado(a) em uroginecologia.
De acordo com Débora há uma avaliação para compreender o que acontece com você: se há alguma alteração muscular na região perineal, qual o grau de medo e dor que a paciente sente quando é tocada e se existem contrações musculares também em outras regiões. Uma vez detectado o problema, o tratamento pode variar de acordo com a gravidade do caso.”Na fisioterapia fazemos uma massagem dentro do perineal para ir soltando a musculatura e ganhar mais flexibilidade no canal vaginal. Além disso, utiliza-se a eletroterapia para estimular a musculatura. Na maioria dos casos inicia-se com o aparelho de superfície até conseguir inserir o aparelho no canal vaginal. Há também o uso de vibradores clitorianos para aumentar a circulação no local, dependendo da paciente”, ensina.
Para cada caso um tempo diferente – pense como uma terapia: é completamente individual e depende do seu progresso mais do que qualquer outro fator. Mas se você quiser ter uma ideia, casos mais “leves” podem levar entre dois e três meses (aproximadamente 10 sessões, uma vez por semana) e os mais graves acima de 20 sessões, podendo ocorrer até duas vezes por semana.
Dois cuidados essenciais

Por mais que você se empolgue com os avanços e tudo mais, é melhor evitar a penetração enquanto ainda estiver em tratamento. “A indicação é que não se tente durante o tratamento, pois a musculatura ainda tem a memória da dor. A partir de um determinado tamanho de dilatador (parte do processo) é liberada a relação com indicações de posições”, aconselha Débora.
E deixe as técnicas de pompoarismo para depois do tratamento – aliás, não faça isso como tratamento! “O pompoarismo é contrair a musculatura para diminuir o canal vaginal e causar mais atrito durante a penetração. Para as mulheres que têm vaginismo já existe essa contração involuntária, ou seja, contrair mais vai piorar. Após a correção da musculatura, ela pode testar a técnica”, alerta.