O projeto lei 626/2011, que está prestes a ser votado no Senado, vai liberar o plantio da cana-de-açúcar na Amazônia, praticamente em qualquer território, o que preocupa os pesquisadores. O biólogo Lucas ferrante diz o que essa falta de controle pode causar.
“Primeiramente, toda a fauna que transita por aquela área, o cultivo da cana de açúcar, pra ele ser colhido, ele tem a queima e isso poderia impactar localmente a fauna. Parte do ano ela expõe a paisagem, o vento ganha causando a mortalidade de árvores.”
O biólogo lembra que o plantio já havia sido proibido na região exatamente pelos danos causados.
“Desde 2009, está proibido o plantio, tanto para a região do bioma amazônico quanto para o bioma Pantanal, e, agora, sendo resgatado.”
Já o cientista Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), alerta para os danos sociais que podem surgir.
“Eles vão comprando terras, dos pequenos, que seriam expulsos e iriam para outras assentamentos ou invadiriam outras áreas, fronteiras etc., coisas que causam mais desmatamento e outros problemas sociais.”
Fearnside destaca outro ponto que será diretamente afetado.
“Esses impactos climáticos afetam o resto do Brasil, também, a parte sudeste do país, inclusive São Paulo, que tem problemas crônicos de falta de água, são lugares que dependem de água da Amazônia.”
A lei só ainda não foi votada por falta de quorum na Casa Legislativa federal, mas pode entrar em discussão a qualquer momento, em qualquer sessão. Para tentar explicar e abrir os olhos da sociedade e dos senadores sobre os riscos, os estudiosos conseguiram publicar um artigo sobre o tema na segunda maior revista científica do mundo, como detalha Lucas.”
“Essa carta está tendo a versão impressa na sexta-feira (hoje – 30/3), mas como a questão demandava urgência, a (Revista) Science liberou pra gente uma edição ‘online’, justamente para que essa carta fosse divulgada, alertando os perigos e impactos dessa lei ser sancionada.”
Os danos são tantos que até a indústria brasileira de açúcar e álcool é contra a liberação do plantio da cana-de-açúcar na Amazônia.