Territórios indígenas e unidades de conservação ambiental são vitais para a manutenção do clima global. Só na Amazônia, estas áreas são responsáveis por armazenar 55% do carbono existente acima do solo em florestas. A constatação foi feita por novo estudo, divulgado na abertura da 20ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP-20), em Lima, no Peru.
“Forest Carbon in Amazonia: The Unrecognized Contributions of Indigenous Territories and Protected Natural Areas”* foi elaborado em conjunto por cientistas, organizações não-governamentais e entidades indígenas da Amazônia. A pesquisa utilizou medições por satélite da densidade de carbono, dados de campo e registros de fronteira dos territórios indígenas e áreas protegidas.
O carbono armazenado nas áreas amazônicas dos nove países que compõem a região – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela – representa uma quantidade maior do que aquele encontrado em países tropicais como Indonésia e Congo. “As terras dos índios guardam quase um terço de todo o carbono da superfície numa extensão de apenas um terço da área territorial”, afirmou Wayne Walker, pesquisador do Woods Hole Reserch Center (WHRC).
A Amazônia é composta de 2.344 territórios indígenas e 610 áreas de proteção. A conservação da região é essencial não só para a regulação do clima do planeta, mas também para a preservação da biodiversidade e cultura dos povos que ali vivem. Estas populações servem ainda como barreira para a expansão da agricultura, desmatamento e corte ilegal de madeira.
O estudo mostra, entretanto que cerca de 20% das florestas tropicais da Amazônica estão ameaçadas. Entre os fatores de risco estão construção de barragens e estradas, expansão da agropecuária, corte de madeira e indústrias petroleira e de mineração. De acordo com o documento, esta ameaça se dá principalmente pela ineficiência de governos em reconhecer e demarcar terras indígenas.
“Agora temos evidências que comprovam que onde há leis fortes e garantia de direitos, há florestas de pé”, disse Edwin Vásquez, coautor do estudo e presidente da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônia. “Temos que dizer aos nossos líderes que eles têm obrigação de fortalecer o papel e os direitos dos povos indígenas das florestas”.