O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso. O petista se entregou à Polícia Federal (PF) no início da noite desse sábado (7), mais de 24 horas após a data estipulada pelo juiz Sergio Moro.
Lula é o primeiro ex-presidente da história do Brasil a ser preso por crime comum.
Às 18h40, o petista deixou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), e entrou em um carro da PF, seguindo em comboio para a Superintendência da Polícia Federal e depois para o aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Lula cumprirá pena em Curitiba (PR), pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex em Guarujá (SP). Em janeiro, o ex-presidente teve a condenação dada pelo juiz Sérgio Moro, em primeiro grau, sentença que foi confirmada pela 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre-RS. Na ocasião, os desembargadores aumentaram a pena de Lula, de nove anos e meio, para 12, 1 mês de prisão.
O juiz Sergio Moro havia estipulado que Lula deveria se entregar até às 17h de sexta-feira (6), no entanto, o político ignorou a ordem e seguiu no Sindicato dos Metalúrgicos. Na manhã do sábado, Lula participou de uma missa em homenagem à ex-primeira dama Marisa Letícia, sua falecida esposa.
Ao longo do dia, a defesa de Lula seguiu em negociação com a PF para que o petista pudesse se entregar, o que ocorreu no início da noite. Por volta do meio dia, Lula chegou a discursar para apoiadores e correligionários presentes no Sindicato.
No decreto de prisão, Moro informou que uma sala na Superintendência da PF, em Curitiba, estava reservada para o ex-presidente. No local, o petista está separado dos demais presos, sem que haja risco para sua integridade moral ou física, dizem as autoridades.
Hoje
A presença do ex-presidente na Superintendência da PF em Curitiba alterou a rotina da região. Manifestantes favoráveis ao ex-presidente acamparam no local e informaram que vão continuar no espaço enquanto Lula estiver preso. Cerca de 1,5 mil pessoas devem se reunir no local. Devido à ordem judicial, o acampamento está a uma distância de 500 metros da Superintendência, atrás do bloqueio da Polícia Militar. Com as ruas fechadas, a rotina dos moradores da região foi afetada.
Saiba Mais
Um morador que não quis se identificar informou que, agora, tem que deixar no carro um comprovante de residência para passar pelo bloqueio. “Estou andando com uma conta de luz no carro. Tive que sair ontem para cuidar da minha mãe que é idosa e tive dificuldades para voltar”, disse. O morador ainda criticou o planejamento das forças de segurança. “No dia em que o Lula veio prestar depoimento, eles isolaram a área, fizeram bloqueio, cadastraram os moradores e deu tudo certo. Agora que era a prisão do ex-presidente, um evento muito mais complicado, a PM não fez nada disso. Não entendemos o porquê. Acho que deveria ter tido um cuidado similar”, completou.
Ontem (7), o comandante do 20° Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Mário Henrique do Carmo avaliou como positiva a ação policial e descartou falta de planejamento. Afirmou que a corporação se preparou para o evento e agiu de forma correta para evitar conflitos entre os manifestantes contrários e favoráveis ao ex-presidente.
Os manifestantes favoráveis ao ex-presidente começam a montar um acampamento, chamado Lula Livre, próximo ao prédio da carceragem da PF. Segundo Roberto Baggio, da Frente Brasil Popular, os grupos estão se organizando e haverá cozinha improvisada, equipes voluntárias de saúde, ônibus de apoio, colchões e barracas. Sobre possíveis conflitos, Baggio afirma que o objetivo é protestar de maneira pacífica. “Nossa orientação é de que nosso pessoal não aceite provocações. Eles [manifestantes favoráveis à prisão] ficam jogando cerveja, fazendo piadas, não vamos revidar.”