O vice-presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TL-AM), desembargador Rafael Romano, respondeu duramente, nesta terça-feira (29), às declarações do presidente do Tribunal, desembargador Ari Jorge Moutinho, que determinou, na segunda-feira (27), a revogação de uma portaria publicada por Romano, durante as férias de Moutinho.
De acordo com o desembargador Rafael Romano, a portaria tinha o objetivo de otimizar e economizar recursos do TJ-AM, que estaria com seu orçamento comprometido. Na votação do Pleno do Tribunal, convocada extraordinariamente para analisar a portaria, com exceção de Romano, todos os desembargadores votaram a favor da revogação.
Pela manhã, em entrevista à Tiradentes News, o desembargador Rafael Romano foi irônico, ao falar da atitude de Moutinho.
“Ache que a gente tem que ir para a terra santa, para rezar, orar. Só que o nosso presidente foi para a terra santa e orou, mas veio pior. Veio descontrolado. Não definiu o que é certo e o que é errado, na minha portaria. Veio com problemas pessoais – que isso não adianta – eu não tenho nada contra ele. Ele sempre me teve como amigo e a minha portaria está aí. Vai servir de modelo para a administração pública de um modo geral. Eu nunca pedi nada em meu benefício! O que eu pedi foi para ele examinar a possibilidade, junto à sua assessoria técnica, para pagar as pendências com todos os magistrados aposentados e da ativa, inclusive com os servidores de um modo geral, que a dívida é muito grande com esse pessoal.”
Sobre a necessidade de falar previamente com o presidente do Tribunal, antes de editar a portaria, Rafael Romano se apressou em responder que já vinha conversando com Moutinho sobre o assunto. “Só que é aquela estória. O desembargador Ari é um homem muito envolvido em solenidades, viagens e eu não tive tempo de falar com ele, com mais afundo, com mais seriedade, então a minha solução foi essa. Botar no papel e depois corrigir!Se eu excedi em alguma coisa, vamos corrigir, vamos conversar. Agora, ele está propondo uma reunião com todos os magistrados. Parabéns!”
Sobre o espírito com que ele se encontraria com Moutinho, na reunião convocada pelo colega desembargador, Romano foi enfático. “Estou com meu espírito sempre aberto, sempre tranquilo. Vivo muito bem – graças a Deus – com minha consciência! Eu sempre dormi tranquilo! Tem hora até que eu peço à minha mulher para me bater, para acordar para uma caminhada, porque eu caminho todos os dias, no Parque do Idoso, que é o lugar para onde todos nós vamos! Acho que tem de abrir o coração, acabar com esse ódio, essa prepotência, essa arrogância! Essa estória de ser o dono da razão, isso já acabou, no nosso país! Neste país, você só consegue as coisas através de protesto, de quebra-quebra. Tem que acabar com isso! Nós temos de investir numa nova cultura! Tirar este país da corrupção e da bandalheira e deixar um novo país para os nossos netos!”
A portaria de Rafael Romano suspendia viagens de magistrados e funcionários, pagamentos de diárias, convocação de juízes do interior para responder por varas da capital e mandava demitir todos os funcionários temporários imediatamente, mas o ponto mais polêmico era um pedido, ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), para que procedesse uma urgente auditoria nas finanças do TJ-AM, “para sanar possíveis irregularidades.”