Recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), nesta segunda-feira (10), a paciente de 85 anos submetida ao implante de válvula transapical (TAVI), procedimento inédito na região Norte, realizado no último sábado (08), na Fundação Hospital do Coração Francisca Mendes, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde (Susam). A intervenção foi realizada com a participação de especialistas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e da equipe da própria fundação. De acordo com o secretário de estado da saúde, Pedro Elias de Souza, a paciente segue internada, mas já na área de enfermaria, em recuperação.
Pedro Elias destacou que a via de acesso usada para o procedimento também foi uma inovação. “Pelas condições de saúde da paciente, não era possível chegar ao local de implantação da válvula fazendo a incisão na região da virilha. Por isso, os médicos optaram por usar a ponta do coração. Foi feita uma incisão de 3 centímetros na lateral do peito, puncionando a ponta do coração e introduzindo a válvula através de guias”, informou o secretário.
O tipo de intervenção realizado pelos médicos de forma inédita na Região é indicado quando o paciente é de alto risco, não sendo recomendada a cirurgia tradicional – caso de idosos, pessoas com cirurgia prévia, com outras doenças associadas, como as pulmonares, acidentes cardiovasculares ou cardíacos. A cardiologista Magali Arrais, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, e orientadora do processo de implantação deste procedimento na Fundação do Coração Francisca Mendes, explica que, na cirurgia convencional, é necessário abrir o peito do paciente, dissecar, canular o coração, desviando o sangue do órgão e também do pulmão para a máquina de circulação extracorpórea, a fim de proceder ao implante da válvula. “Além de ser mais trabalhoso e demorado, o método tradicional traz um risco mais elevado a esses pacientes, muitas vezes, levando a óbito“, salienta Magali.
De acordo com Mariano Terrazas, coordenador de Pesquisa e Ensino da Fundação do Coração Francisca Mendes, este procedimento pioneiro, usando novas tecnologias como a válvula implantada, foi o primeiro de uma série de oito pacientes que aguardam a intervenção. “Todos os pacientes têm idade média de 80 anos e não têm indicação para a cirurgia convencional, pelo grau de risco em função da idade”, destaca Mariano.
A fundação já realiza há 10 anos, mensalmente, de 8 a 10 cirurgias de implantação da válvula aórtica de peito aberto, com pacientes entre 40 e 70 anos. De acordo com Ivan Tramujas, diretor-presidente da instituição, esta primeira intervenção faz parte de um programa que está sendo implantado no hospital para dar opções aos pacientes idosos ou com alto risco para cirurgia convencional. “Serão realizadas 14 cirurgias com a orientação e supervisão da doutora Magali Arrais, aqui no estado. Também teremos dois médicos da fundação participando de uma certificação no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, para o uso dessas próteses e, após essas etapas, esse procedimento poderá ser oferecido de forma regular aqui”, explica Tramujas.
O procedimento inédito realizado fez parte da programação do Simpósio de Técnicas Avançadas de Cirurgia Cardiovascular, que ocorreu na sexta-feira e no sábado (7 e 8), no auditório de Ensino e Pesquisa da Fundação do Coração Francisca Mendes. O evento contou com a participação de membros do Conselho Brasileiro de Cirurgia Cardiovascular e da Fundação Adib Jatene, de São Paulo.