A infecção pelo vírus HPV é a principal responsável pelo câncer do colo do útero, doença grave responsável por mais de 250 mil mortes de mulheres em todo mundo. Estima-se que 15 mil mulheres sejam diagnosticadas com esse tipo de câncer no Brasil, a cada ano.
De acordo com o diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, muitas pessoas ainda não sabem o que é o HPV. Ele explicou o que é o que o HPV pode fazer com a saúde da mulher.
“O HPV é um tipo de vírus que tem vários subtipos, associados a algumas manifestações diferentes. Associados a verrugas e a outros problemas que não são muito importantes. O problema importante que é fortemente associado ao HPV é um tipo de câncer, que é um câncer que acontece nas mulheres: é o câncer de colo de útero. Boa parte das pessoas é exposta ao HPV em algum momento das suas vidas. O que acontece é que uma parte das pessoas fica com o vírus, tem a infecção pelo vírus, fica com o vírus e pode muitos anos depois de já ter adquirido este vírus, vir a desenvolver o câncer de colo de útero.”
O Diretor, explicou, ainda, como uma pessoa pode contrair o vírus. “A principal forma de transmissão do HPV é pela relação sexual. Então as mulheres com vida sexual ativa têm uma boa chance de já terem tido contato com o HPV, chamado também Papiloma Vírus, no seu nome inteiro.”
Segundo Cláudio Maierovitch, o SUS incluiu no Calendário Nacional de Vacinação doses para meninas de 9 a 11 anos, e continua a vacinar adolescentes de 12 e 13 anos, em todo país. Mas as mães devem ficar atentas porque as meninas devem tomar mais de uma dose da vacina. “A imunização é dada por uma vacina oferecida em três doses, e as três doses são importantes. Depois de tomar a primeira dose, ela recebe uma segunda dose de reforço. A dose única ela não é eficaz para produzir a proteção contra o HPV, por isso as duas doses, e uma terceira dose cinco anos depois.”
O diretor, também explicou porque o Ministério da Saúde está vacinando meninas entre 9 e 13 anos. “Ao escolher a idade de vacinação, se procura observar duas coisas. A primeira é: qual é a idade em que há maior chance de que seja dada uma proteção duradoura. Quanto mais tarde se dá a vacina, mais provavelmente essa menina, esta jovem terá uma proteção duradoura. Por outro lado, quanto mais tarde se dá a vacina, maior é a chance de que estar jovem já tenha tido contato com o vírus, e a vacina não funciona se ela já tiver tido contato com o vírus ou já tiver tido infecção natural.”
Muitas mães têm medo de que a vacina contra o HPV cause danos à saúde das filhas, mas, conforme Maierovitch, elas não devem temor. “A vacina contra o HPV não contém vírus, ela não contém bactérias. Ela é uma vacina que contém algumas moléculas, que são agrupadas por um procedimento de biologia, de engenharia genética, que são moléculas que também estão presentes no vírus, justamente para mostrar para o sistema imunológico das pessoas um pedacinho do vírus e ensiná-lo a reagir contra esse pedaço do vírus. Como a vacina não tem vírus e não tem bactérias ela não produz infecção, ela é uma vacina extremamente segura”.
Ainda segundo Maierovtch, a vacina pode, sim, gerar algum tipo de reação ou efeitos colaterais, mas nada que possa preocupar. “Qualquer vacina, por ser uma injeção, ela pode produzir efeito colateral. Qualquer injeção pode produzir algum tipo de reação inflamatória no local de aplicação. Pode ficar um pouco vermelho, pode ficar um pouco dolorido. No entanto, isso não representa qualquer gravidade.”
O diretor afirmou, ainda, que a vacina contra o HPV vai garantir que as meninas nunca tenham câncer do colo do útero. “As meninas que tomaram as três doses no esquema de um ano estão muito bem protegidas, estão com quase 100% de imunidade. Da mesma forma, aquelas que receberão a terceira dose, cinco anos depois, atingirão também uma eficácia muito elevada, próxima de 100%.”
Maierovtch disse, ainda, que a vacina contra o HPV, que as unidades de saúde da rede pública disponibilizam gratuitamente, têm alto nível de imunização. “A vacina atinge um nível próximo de 100%, é superior a 90% de proteção contra o câncer. No entanto, existe a possibilidade de que uma percentagem dessas mulheres, ainda assim, venha a ter infecção. Justamente por isso é importantíssimo que seja mantido todo o cuidado para a detecção, a identificação precoce de qualquer alteração que possa haver. Isso é feito com o exame de Papanicolau, que é oferecido às mulheres que têm vida sexual ativa a partir dos 25 anos de idade até o fim das suas vidas.”
O SUS incluiu no Calendário Nacional de Vacinação doses da vacina contra o HPV para meninas de 9 a 11 anos e também disponibiliza doses para as meninas de 12 e 13 anos que ainda não tomaram a vacina.
No Amazonas, a vacinação está acontecendo em todos os postos da redes estadual e municipal de saúde, na capital e no Interior do Estado.