Mais de 1,2 mil pessoas foram atendidas no mutirão dermatológico realizado pela Fundação Alfredo da Matta (Fuam), no último sábado (21/07). A ação, realizada no bairro Colônia Antônio Aleixo, é parte da campanha ‘Janeiro Roxo’, promovida pelo Ministério da Saúde, durante o mês que é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase. A campanha, em nível estadual, está sendo coordenada pela Secretaria de Estado de Saúde (SUSAM).
O mutirão contou com apoio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). Entre os 1,2 mil atendimentos, 863 foram só de consultas e exames dermatológicos. O restante dos atendimentos estão distribuídos entre testagens de HIV e Sífilis, atendimento farmacêutico e aconselhamento.
O secretário estadual da Saúde, Francisco Deodato, ressaltou a importância da campanha Janeiro Roxo, para a conscientização sobre a necessidade do exame.
Segundo o diretor-presidente da Fuam, Helder Cavalcante, a iniciativa tem o objetivo de ampliar o diagnóstico precoce da doença. “Quanto mais rápido identificamos, mais rápido começamos o tratamento, que é simples e fácil. O diagnóstico também é fácil, por isso, trouxemos toda nossa equipe dermatológica para atender aqui e garantir que se tivermos casos, vamos detectar e fazer o acompanhamento”, ressaltou.
Mais de 100 profissionais da saúde realizaram os atendimentos, que incluíram a realização de testes rápidos de HIV e Sífilis. “Nós estamos aqui com um objetivo, que é combater a Hanseníase, mas nós estamos atendendo todos os casos. Aquilo que pode ser solucionado com uma consulta, receitado remédio, já estamos resolvendo. Para a Fundação, estamos encaminhando casos mais complexos, que precisam ser melhor analisados”, destacou Cavalcante.
Acesso – Levar o atendimento à zona leste da cidade facilitou o acesso da população. Morador do bairro Grande Vitória, o aposentado Luiz Marcos Venâncio, de 64 anos, foi um dos muitos que decidiram participar do mutirão pela proximidade e facilidade. “Eu estava com umas manchas há algum tempo, mas eu moro longe, não tenho carro, não conseguia agendar com meus filhos para ir. Eu fui deixando para depois e até que surgiu essa oportunidade aqui perto de casa. Eu vim por causa da facilidade mesmo”.
A dona de casa Luzinete Maia, de 44 anos, também levou o filho, de 9 anos, para o mutirão. Ela foi uma das encaminhadas pelo Sisreg para a ação. A consulta, que era para ser somente para o filho, acabou sendo realizada em conjunto. “Criança sempre tem manchas na pele e eu estava na fila para uma consulta na Fuam. Como teve esse mutirão eu fui avisada que poderia trazê-lo aqui, que teria vaga pra ele. Eu saí muito satisfeita, porque aproveitei e já fui examinada e com receita para o nosso remédio”, disse Luzinete.
No interior – Além da capital, as ações do Janeiro Roxo também alcançam cidades do interior. Em Manacapuru, entre a última quarta-feira (24/01) e esta sexta (26/01), a Fuam realiza consultas e palestras para a população. A ação, que tem apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Manacapuru, levou equipe com médico dermatologista e técnicos para fazer atendimentos. Já foram consultadas aproximadamente 200 pessoas em três dias.
Ao longo do mês de janeiro, outros municípios, como Apuí, Itamarati e Parintins, estão se mobilizando, com apoio da Fuam. As programações locais envolvem treinamentos na área de Hanseníase, realização de exames dermatológicos e mutirões de saúde com busca ativa de casos novos da doença.
Hanseníase no Amazonas – Os casos de Hanseníase no Amazonas reduziram nos últimos anos, passando de 44,3 para cada grupo de 100 mil habitantes, em 2000, para 10,98 para cada 100 mil habitantes, em 2017, o que representa uma queda de 75,2%, em 17 anos. Em Manaus, a redução foi ainda mais significativa, de 86,1%, em 17 anos, apresentando hoje 5,91 casos para cada 100 mil habitantes.
Apesar da redução dos números, os médicos alertam para que a população faça consultas periódicas. Em 2017, foram detectados 446 casos novos de Hanseníase no Amazonas. Do total de casos novos, 126 (28,3%) eram residentes em Manaus e 320 (71,7%) moradores de outros 56 municípios. Em 2016, foram 443 casos.
Na faixa etária de maiores de 15 anos foram detectados 413 (92,6%) casos e em menores de 15 anos, 33 (7,4%). Do total, 60,5% (270) dos casos ocorreram entre pessoas do sexo masculino e 39,5% (176) do sexo feminino.
Os municípios que apresentaram o maior número de casos foram: Manaus (126), Pauini (22), Humaitá (18), Tapauá (18), Itacoatiara (17), Parintins (16), Lábrea (13), Carauari (12), Silves (11), Boca do Acre e Santa Izabel do Rio Negro (10 casos, cada). Em Manaus, as zonas da cidade apresentaram o seguinte perfil: Zona Leste, com 39 casos (30,9%), Norte, com 34 (27%), Sul, com 18 (14,3%), Oeste, com 17 (5,5%), Centro-Sul, com 6 (4,7%) e Rural, com 5 (4%).