– (fotos e reportagem: Jackeline Farah) – A fila já passa dos 100 caminhões. A maioria chegou a Manaus na semana passada, como Zirlanda Rodrigues, que antes levava três dias para descarregar a mercadoria trazida de Roraima. Agora, afrima já está esperando uma semana.

“Na realidade, aqui piorou, né? Pelo menos, em Itacoatiara, a gente tinha banheiro, a gente tinha uma coisa melhor, uma assistência melhor. A gente chegava na Hermasa, tinha aquela comida super gostosa. Aqui não! Nós ‘tamos’ jogados. Aqui não tem banheiro, tem motorista com família passando fome,  gente sem dinheiro, então nós estamos aqui jogados.”

Boa parte da mercadoria é soja que tem um prazo de validade curto. Com a demora para descarregar,  boa parte da safra que iria abastecer Manaus e o Interior por um período de dois meses, pode acabar nem chegando ao consumidor final.

“Já tem soja aí, que já tá pubando’, tá derramando; a família grita, desesperada: ‘quando é que tu vem, fulano? O fulano diz: ah, eu não tenho previsão!’, porque? Por causa dessa irresponsabilidade!”

De acordo com o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Amazonas, Sergio Alexandre, a mudança de porto foi proposta pela transportadoras para melhorar o serviço, mas não foi o que ocorreu.

“A empresa não criou a estrutura necessária pra receber essa demanda, então, houve um acúmulo, uma retenção de muitos caminhões – para você ter uma idéia,dos 30 caminhões lá em baixo, tem 80 aqui fora. Ao todo, são 112 caminhões que tão aqui, largados, na beira de uma rua sem uma estrutura mínima!  Higiene pessoal dos companheiros é feita aqui ao tempo, uma caixa d’água que tem uma torneirinha. Quando é preciso fazer uma necessidade fisiológica, tem que correr pro mato, não tem alimentos. Não tem nada! E a gente foi reivindicar essa primeira necessidade do caminhoneiro.”

Após uma reunião com o proprietário do Porto, a fila começou a andar, mas a previsão de encerramento da descarga é apenas segunda ou terça feira.