Fórum aponta práticas prejudiciais à educação, no Amazonas, e sugere mudanças

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Escolas particulares contratando acadêmicos do 2º período de pedagogia como professores, acadêmicos do último período de licenciatura com pouca ou nenhuma aula prática, e até professores doando os laptops e modens comprados com dinheiro público.

Esses são relatos feitos durante o Fórum das licenciaturas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), durante esta terça-feira (12) e quarta-feira (13), no mini campus da universidade.

Segundo a presidente do Fórum, a professora Cássia Nascimento, as assembleias que foram intensificadas a partir de 2014, têm recebido todo tipo de informações sobre os rumos da educação no Amazonas, entre elas, a contratação de acadêmicos do 2º período do curso de pedagogia, como professores efetivos de grandes escolas particulares da capital.

“Infelizmente, quando o estudante é colocado para atuar como professor, se está colocando-o numa situação na qual ele ainda não tem desenvolvida uma relação entre teoria e prática na formação acadêmica, e isso é prejudicial para ele e para a instituição”.

Se por um lado, existem instituições que contratam acadêmicos de licenciatura prematuramente, também existem casos de professores recém formados, que receberam pouca ou quase nenhuma aula prática, durante a formação acadêmica, tornando comuns os relatos de profissionais que chegam ao mercado _ às salas de aula – sem noção do trabalho a ser realizado. É o que aponta a professora Vanessa Maruche que é coordenadora do curso de língua inglesa da Ufam.

“Os professores precisam refletir que não é só a teoria que é necessária. Os alunos precisam conhecer a realidade do ambiente onde eles vão trabalhar. É importante implementar isso, para que os alunos possam pensar e procurar respostas de como é que vai ser quando eles tiverem trabalho na sala de aula.”

Um dos casos que mais chamaram a atenção, está o relatado pela representante da Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (Seduc), Karol Benfica, que é técnica da Gerência de Ensino Médio da Secretaria. Segundo ela, já foram registrados casos de professores que doaram laptops e modens cedidos recentemente pelo Governo do Estado, para terceiros, ou situações onde os professores se quer utilizaram os recursos tecnológicos, por medo ou resistência a tecnologia.

“É claro que nós temos ainda profissionais que têm dificuldade no manuseio desses aparatos tecnológicos, porém, é necessários que façamos com que esse profissional comece a se inteirar muito mais na utilização dessa ferramenta. É algo a mais para subsidiar seu próprio trabalho e que necessita de um profissional bem mais preparado. A nossa luta é constante para reverter essa situação”, acrescentou a técnica da Seduc.

Para a professora Irlane Maia doutoranda da Rede Amazônica de Educação de Ciências e Matemática e fundadora do Fórum das licenciaturas, o relato das angustias e dificuldades é um processo natural de quem quer buscar soluções.

“Nós saímos dessa discussão com um documento onde todos os coordenadora docentes de licenciatura, inclusive de ciências, biologia, geografia, história, filosofia, vão tomar ciência de que o fórum trouxe a tona questões que precisam ser levadas em consideração no projeto político dos cursos assim como a reorganização interna dos estágios supervisionados.

O Fórum das licenciaturas da Ufam terá outras assembleias realizadas este ano. As primeiras reuniões, que começaram com apenas 4 ou 5 participantes em 2014, atingiu desta vez, a capacidade máxima do auditório no mini campus da universidade, por conta dos assuntos polêmicos tratados. Além da diretoria do Fórum, estiverem presentes representantes dos acadêmicos, professores e coordenadores dos cursos de licenciaturas da instituição além de representantes das secretarias municipal – Semed e estadual de educação – Seduc.

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