O secretário da Segurança Pública do Amazonas, delegado Sérgio Fontes, admitiu, nesta segunda-feira (20), que o aparelho policial do Estado perdeu o controle da situação que levou ao maior número de assassinatos dos últimos anos, na capital do Estado, em apenas um final de semana, mas garantiu que a polícia já está retomando as rédeas da situação e em busca dos culpados.

“Nós da Segurança Pública, encaramos com constrangimento essa situação, mas garantimos ao cidadão que vamos retomar o controle da situação, identificar, localizar e prender quem está envolvido, quem mandou, quem executou esses homicídios!”

A onda de violência começou na tarde da sexta-feira (17), com 21 homicídios e pode estar ligada aos assassinatos de um policial militar e de um detento, em Manaus.

Às 2h40 da tarde, o sargento da Polícia Militar Afonso Camacho é assassinado após sair de uma agência do Banco do Brasil, em Educandos, na zona Sul da capital. Ele havia acabado de sair da agência, após ter sacado R$ 60 mil para uma empresa à qual prestava serviço, durante as folgas. As imagens, gravadas por uma testemunha, por meio de um celular, mostram o momento em que o militar já tenta se esconder de dois bandidos em baixo da picape em que estava, e é atingido por quatro tiros. Após alvejar o sargento, os bandidos fogem com uma sacola, provavelmente contendo o dinheiro roubado.

Ainda na tarde da sexta, o detento Hudson de Souza Lopes, que seria ligado a uma facção criminosa, é dominado por ‘colegas’ e decapitado em uma das celas do Instituto Prisional Antonio Trindade (IPAT), localizado no km 8 da BR 174. Ele é a terceira vítima de uma suposta guerra entre facções rivais, em menos de um mês, dentro do sistema prisional.

Fatos que podem ter desencadeado uma onde de 21 homicídios e várias tentativas de homicídio num período de 12 horas em Manaus. O secretário Sérgio Fontes confirmou que há indícios de que as mortes foram encomendadas.

Segundo Fontes, as investigações sobre o homicídio do Sargento Afonso Camacho estão adiantadas. “Nesse caso, já estamos bastante avançados, já temos os nomes do prováveis suspeitos e já estamos no encalço deles!”

Sobre os outros assassinatos, o secretário afirmou que uma Força Tarefa foi montada para dar uma resposta rápida à sociedade sobre a onda de crimes. “As equipes de investigadores estão pela cidade colhendo todas as provas. Acreditamos que um número tão grande de eventos destes, certamente deixou rastros! Esperamos não demorar muito para encontrar os culpados por essa chacina!”

O secretário destacou a relação de disputa dentro do presídio que, segundo ele, muitas vezes acaba atravessando os muros do complexo prisional.

Sobre as cápsulas recolhidas pela perícia da Polícia Civil nos locais dos crimes, Sérgio Fontes confirmou que que muitas são de armas ‘ponto 40’, de uso exclusivo das polícias e que, independentemente dos autores dos crimes, eles serão encontrados e punidos.

Em maio deste ano, houve um caso semelhante: câmeras de segurança flagraram o assassinato de um PM no Tarumã, na zona Oeste de Manaus, por dois assaltantes que levaram a moto e a arma do policial. Nas horas seguintes, foram 10 mortes com características semelhantes às do último fim de semana. Na oportunidade, a policia não confirmou nenhuma relação entre elas.

O resumo da violência no último final de semana aponta que, da última sexta, até a manhã desta segunda-feira(20), 34 pessoas foram assassinadas, em Manaus.

Ainda nesta segunda-feira, estava prevista uma reunião de Estado, convocada pelo governador José Melo, com o secretário Sérgio Fontes e toda a cúpula da Segurança Pública, para tratar da situação.