Ex ladrão, viciado e analfabeto que se transformou em empresário de sucesso revela, em livro, que seu maior patrimônio é o Ser Humano

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A história de um ex-ladrão, batedor de carteiras e viciado em drogas, que decidiu se regenerar a se transformou em empreendedor de sucesso, está sendo contada em livro, lançado nesta quarta-feira (24), em Manaus. Depois de ser entrevistado nos principais programas de TV do país, onde confessou que continua analfabeto – ou seja, não saber ler nem escrever – o agora empresário do setor de transportes, dono de uma série de imóveis e empreendimentos, na capital, diz que o sucesso dele é resultado de humildade, personalidade, e principalmente, da fé nas pessoas. Nesta quinta-feira (25), Sila da Conceição conversou Ronaldo Tiradentes e Marcos Santos, no programa Manhã de notícias. O agora empresário afirma que não tem nenhum orgulho do passado criminoso.

“Que eu fui ladrão, não, mas me orgulho em dizer que sou um ex-ladrão! Não fazendo apologia ao Crime. Quero simplesmente provar para mim mesmo que tive a capacidade de ir lá e voltar! Eu queria provar p’ra mim que a mesma capacidade, a mesma cabeça que eu tinha p’ra desenvolver algo errado,  que a minha cabeça era a mesma para desenvolver o bom!”

O empresário revela que, em busca de liberdade, acabou tendo de sair de casa quando ainda estava entrando na adolescência e acabou entrando para o mundo crime, tendo de enfrentar muitas situações de desgaste. “Tive que enfrentar uma situação muito delicada em Belém do Pará, de onde eu sou filho, e acabei tendo essa aproximação do crime. ”

Apesar do sucesso no ramo empresarial, Sila não se considera um homem esperto. “Acredito que não sou esperto. Eu sou menos ‘burro’, né?”

Segundo o ex ladrão, ele nunca usou arma para roubar. “Eu digo que a arma do homem tem que ser o argumento dele!”

Usando muito bem a ironia como ferramenta de diálogo, e revelando uma mordacidade peculiar, Sila afirma que, apesar de preso algumas vezes – segundo o ex-ladrão, o maior tempo de ‘cana’ que ele ‘puxou’ foram  quatro meses na ‘Papuda’, em Brasília – saía sempre muito cedo para a atividade escolhida por ele para ganhar a vida.

“Eu saía p’ra trabalhar – eu chamava trabalho, na época – sete da manhã, até as cinco da tarde, a não ser que houvesse um ‘acidente de trabalho, nesse período, como meter a mão no bolso de alguém, e a pessoa visse na hora. Aí você não tem escapatória daquele acidente de trabalho, como aconteceu algumas vezes! Passando das cinco da tarde, era um cara cidadão. Ia no supermercado fazer compras, ia ao restaurante.” Indagado se pagava a conta, o ex-ladrão revela um certo sentimento de ética e cidadania.”Tinha que pagar! Dentro da minha lei, no mundo que eu criei p’ra mim, quem deve, paga!”

Sila Conceição afirma que o mini império que conseguiu criar não é resultado da atividade criminosa, mas, sim, de muito trabalho. “Tem pessoas que pensam que o que eu tenho hoje eu ganhei no crime. De maneira nenhum. O dinheiro do crime é um dinheiro ingrato! Quando eu fui p’ro crime, eu tinha duas intenções: uma de matar a fome da minha família – que era toda miserável – e a outra, de andar bonito assim como você(referindo-se a Ronaldo), de terno.”

Sem nenhuma formação formal, o empresário, que já foi entrevistado até em um dos principais programas de TV do país, revelou, o livro era uma obsessão. “Quando eu fui entrevistado no Jô Soares, eu fui com um livro fininho e pequeno e, como eu sempre estou sonhando alto, por ser um analfabeto, eu tinha que entrar numa livraria e ver um livro meu. E, mesmo sem saber ler, eu saberia que é o meu livro!”

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Indagado sobre o que o governo deveria fazer para combater o crime e a violência que avança em Manaus e no resto do país, o analfabeto assumido surpreende. “Um país onde você não investe na educação, fica difícil de ver uma evolução!”

Reafirmando sua orientação religiosa cristã, Sila conclui com uma frase de efeito sobre o ser humano e o dinheiro. “Dificilmente, eu ando só! Eu digo que o meu maior patrimônio é o Ser Humano. Dinheiro, p’ra mim, não é patrimônio e eu não acredito muito nele! E acredito em duas coisas, nesse mundo: primeiro Deus, depois você como Ser Humano. Você é que é o patrimônio!”

Escrito por João Estrella de Bittencourt e Mariana Torres, com 175 páginas e letras graúdas, para estimular a leitura, “Danem-se os Normais”, a história de vida de Sila da Conceição, está a venda em Manaus na livraria Saraiva.

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