De acordo com a oncologista pediátrica do Sistema Hapvida, Paula Carvalho, a doença pode ser identificada já nos primeiros dias de vida através do teste do pezinho. Entretanto, o exame de eletroforese de hemoglobina é a outra opção para diagnóstico e pode ser realizado em qualquer idade.
“A anemia falciforme é uma doença genética que causa a malformação dos glóbulos vermelhos. Antigamente era mais comum em negros e pardos, porém com a miscigenação da população atualmente ela pode ser encontrada em todas as raças. O diagnóstico é feito através do teste do pezinho. Logo que nasce, a criança tem gotas de sangue coletadas do pé e é feito a análise precoce”, afirma a oncologista pediátrica do Hapvida Saúde.

Sintomas
A doença falciforme geralmente se manifesta ao redor do sexto mês de vida do bebê, embora em alguns casos os sintomas possam aparecer com o passar dos anos. Alguns dos principais sinais e sintomas da doença falciforme nas crianças e adultos são:
⁃ Anemia;
⁃ Icterícia (coloração amarela na pele);
⁃ Infecções frequentes;
⁃ Cansaço intenso;
⁃ Dores ósseas e articulares;
⁃ Edema nas articulações;
⁃ Priapismo (ereção peniana involuntária e dolorosa);
⁃ Acidente vascular cerebral (AVC);
⁃ Cálculos na vesícula;
Diagnóstico e tratamento
Segundo o Ministério da Saúde, a frequência anual de nascimento é de 200 mil recém-nascidos com traço falciforme. Já o número de casos novos, por ano, é próximo de 3 mil, ou seja, um bebê doente para cada mil – daí a importância de realizar triagem neonatal e proceder com os cuidados necessários.
O diagnóstico é feito através do Teste do Pezinho, exame realizado na primeira semana de vida, ou da Eletroforese de hemoglobina, que pode ser realizado a partir de 4 meses de vida.
Com o diagnóstico confirmado de doença falciforme, o tratamento vai depender do quadro clínico do paciente. Sendo importante evitar infecções utilizando antibióticos (conforme prescrição médica) e vacinas. Evitar situações que levam a quadros de dor como desidratação, exposição a temperaturas extremas e atividades físicas intensas. Costumam ser necessárias transfusões de sangue. Pode utilizar medicamentos específicos como a hidroxiureia, que contribui para reduzir as crises dolorosas e complicações decorrentes da doença; e medicamentos que diminuem a interação das hemácias falciformes.
Os pacientes com doença falciforme geralmente são acompanhados e tratados em hospitais e ambulatórios por equipes multidisciplinares.
Existe a possibilidade de realizar transplante de medula óssea sendo o único tratamento curativo até o momento, porém com muitos riscos e complicações.
Doença Falciforme e Coronavírus
Diante do cenário de pandemia, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) divulgou recentemente algumas recomendações acerca da doença falciforme durante a pandemia por Covid-19.
Pacientes sem suspeita de Covid-19:
– Fazer isolamento social: sair de casa apenas para coleta de exames ou consultas médicas que não possam ser postergadas;
– Lavar as mãos ou usar álcool gel várias vezes ao dia.
– Os pacientes devem ser orientados a procurar atendimento de emergência em caso de crises falcêmicas (ex.: crise álgica severa ou refratária, síndrome torácica aguda).
Pacientes com sintomas de Covid-19:
– Procurar serviço de saúde e informar doença de base;
– Até o momento, não há evidências científicas que corroborem a interrupção do uso de hidroxiureia, terapia eficaz na redução da frequência das crises álgicas, dos episódios de acidente vascular encefálico e da necessidade de hemotransfusão.
– Outras medicações usadas no suporte dos pacientes com doença falciforme, como ácido fólico e penicilina V, também devem ser mantidas, a princípio.