“O único caminho para entender a maldade é se aproximando do bem”. A afirmativa foi feita nesta quinta-feira (08), pelo psicólogo criminal Christian Costa, que está em Manaus para ministrar um curso para Delegados de Polícia Civil do Amazonas (PC-AM). Estudioso dos crimes que chamam a atenção da sociedade pela crueldade, o psicólogo evitou enquadrar o homem que roubou, matou, esquartejou e degolou dois comerciantes, para passar as festas de final de ano – como declarou o próprio assassino – mais “bonito”, como um doente mental.
Por questões éticas, o psicólogo preferiu não classificar o preso como psicopata, mas lembrou que ele tem características desse tipo de criminoso.
“Infelizmente, isso é comum! O meu banco de dados de homicídios concupiscentes já passa dos mil criminosos. Isso lembra a psicopatia. O psicopata não é um doente mental, como muita gente pensa. ‘Nossa! Mas ele matou, esquartejou, canibalizou e não é um doente mental?, pode-se perguntar. Não!!! E isso, no Tribunal do Júri, é muito complicado. Você falar de um indivíduo que cometeu um crime dessa natureza, ou como um ‘serial killer’, e dizer ‘ele não é um doente mental!”
De acordo com Christian Consta, o primeiro ato do advogado de defesa, nesses casos, é caracterizar o agente criminoso como doente mental. “A defesa padrão para indivíduos seriais e criminosos sádicos é a imputabilidade, a falta de autodeterminação, para que esse indivíduo receba apenas uma medida de segurança e não vá para a prisão. A primeira regra do advogado de defesa é tentar a doença mental, mas hoje, há avaliações muito seguras, que demonstram que indivíduos que têm esse tipo de comportamento estão muito longe da patologia, e a frieza não qualifica um delírio, uma alucinação, como na doença mental. Indivíduos psicopatas têm na sua maior característica, não a presença, mas a ausência de afeto, de altruísmo. O que nos qualifica, enquanto indivíduos com equilíbrio psicológico, autodeterminação ‘até aqui eu não devo ir’, é o nosso afeto. Mais do que inteligência. E indivíduos psicopatas não têm afeto, então, olhando um rapaz desse falando com naturalidade, tranquilidade, sem demonstrar grandes emoções, como psicólogo criminal, seria antiético da minha parte, dizer ‘êle é um psicopata!’. Existe uma escala, chamada PCLR, que é internacional, hoje validada para o Brasil, e, só por meio dessa escala, você pode dizer se uma pessoa é psicopata ou não!”
E conclui: “Único caminho para entender a maldade é se aproximando do bem! Você só se aproxima do bem, entendendo técnica e cientificamente os nossos comportamentos”, ensina.
Christian Costa é fundador do Centro de Estudos do Comportamento Criminal (Cecrim), do Estado de São Paulo, e consultor da PC-AM.
O curso de psicologia criminal com ênfase em crimes sexuais, acontece no dia seis de fevereiro, na antiga Universidade Tecnológica do Amazonas (UTAM), no bairro chapada, zona Centro Sul.