Além de afetar mais de 200 mil usuários, paralisação dos rodoviários nessa quarta-feira, prejudicou idosos e doentes. A Rede Tiradentes acompanhou o drama da população

 

– (fotos de grupos da WhatsApp e usuários) – O repórter Charles Fernandes acompanhou a paralisação e conta os detalhes: … O que fazer quando se perde um audiência na Vara de Família?

“Tristeza na minha, porque eu perdi a audiência.”

A quem recorrer quando não há mais tempo para se regularizar junto ao INSS? A paralisação do transporte público fez seu Zacarias Andrade, de 57 anos, portador da doença de Parkinson, caminhar por mais de quatro quilômetros em busca do atendimento da Previdência.

“Isso é uma palhaçada pra quem está doente e precisa ir ao INSS. É uma falta de compreensão do ser humano.”

Como fazer para transportar quem não tem condições nem de andar, e, assim mesmo é obrigado a descer de um coletivo e seguir a pé? Com dificuldades, Ladislau Ramos precisou encarar essa realidade ao lado do irmão com movimentos comprometidos por conta de um AVC.

“É a Prova da Vida no INSS, pra provar que ele ainda está com vida. Ele teve um AVC, sofre do coração, várias doenças.”

Sem o ônibus, a viatura solidária da policia serviu como transporte. O policial militar justificou.

“Trata-se de um cidadão impossibilitado, precisam do de apoio, e o familiar dele solicitou apoio até o local que onde está pretendendo chegar.”

A paralisação do transporte público no Terminal da Constantino Nery teve início por volta das 10 da manhã e, mais uma vez, pegou a população desprevenida.

A paralisação, que formou uma enorme fila ao longo da Constantino Néry, teve início por volta das 10 horas e, mais uma vez, pegou a população desprevenida. Nem mesmo alguns dos próprios  trabalhadores tinham idéia da razão do protesto, como alguns motoristas.

– “A gente não sabe!”

– “Chegamos aí já estava parado.”

Mas, mesmo sem saberem do motivo, teve motorista que não se importou. Estacionou o ônibus no meio da rua, sem importar com a lei. A reportagem da Rede Tiradentes questionou um deles, que se mostrou reticente. “

– repórter: Você está na mão dupla, por quê. Não está liberando o trânsito?”

– motorista: “Porque tá parado aí e não dá pra entrar no terminal 1!”

– repórter: Pois é, mas tem como você afastar o seu veículo e colocar mais à frente, para liberar o trânsito.

– motorista: “Tem que ter sequência para entrar no terminal 1!”

– repórter – Mas está fechado aqui, amigo. Os ônibus estão todos parados aí!

– motorista – “Vá lá e peça pra sair que eu passo!”

– repórter: Mas você tem que tem tirar o seu veículo do meio da ria!

– motorista: ‘Vai la´, peça pra sair que eu passo!”

Mais uma vez, o direito de ir e vir do cidadão, garantido pela Constituição Federal, foi desrespeitado.

Só mesmo com a chegada de um agente, o motorista resolveu tirar o veículo da via pública e liberar o trânsito. Com 66 anos de idade, a aposentada Nazaré Rocha, que tem problema nos rins, se esforçou para caminhar e chegar até o centro da cidade.

“Eu parei na em frente ao Olímpico e vim andando até aqui.”

A paralisação só foi finalizada no fim da manhã, por volta de 12 e 30. Segundo o Sindicato dos Rodoviários o protesto foi em razão do atraso do julgamento do dissídio coletivo de 2017 da categoria.

Em Nota, a prefeitura de Manaus informou que não foi comunicada previamente da paralisação dos rodoviários e que condena o movimento por prejudicar o usuário do sistema. Já o sindicato dos empresários do setor, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Amazonas (SINETRAM), procurou se eximir de responsabilidades e informou que a paralisação foi coordenada pelo sindicato da categoria, o Sindicato dos Motoristas de Transportes Rodoviários de Manaus (STTRM) e que não foi comunicado nem informado sobre os motivos do movimento grevista.

Por meio de Nota, a Prefeitura de Manaus informou que não foi comunicada previamente e condenou aparalisação por “prejudicar os usuários do sistema de transporte coletivo.”

Informou, ainda, que “o prefeito Arthur Virgílio Neto tomou conhecimento do fato e lamentou que a categoria não busque o diálogo para resolver suas questões trabalhistas e apelou para o bom senso dos trabalhadores, porque a população não pode ser penalizada.”

Também na Nota, o prefeito afirmou que vai ‘endurecer o jogo’ com os motoristas de ônibus.

 

“O Tribunal trabalhista adia uma audiência que discutirá a questão salarial dos rodoviários, por isso essa baderna na cidade? Isso é uma irresponsabilidade e eles (trabalhadores) não têm esse direito. A decisão da Corte precisa ser respeitada e é preciso pensarmos em todas as responsabilizações criminais e cíveis, com muito rigor, para evitar que esse clima de desordem tome conta da cidade”, afirmou o prefeito.

A prefeitura também afirmou que a Procuradoria Geral do Município (PGM) irá avaliar o dano coletivo que a paralisação causou aos munícipes e deverá entrar com medida indenizatória em desfavor do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Manaus (STTR).

Os ônibus voltaram a circular por volta das 12:50.

 

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