Abandonado pelas famílias, casal vive há nove meses em condições sub humanas, embaixo de viaduto de Manaus e quer ajuda para recomeçar a vida

A bela imagem noturna do viaduto Ayrton Sena, na zona Centro-Sul de Manaus, esconde apenas um dos muitos dramas urbanos da principal capital da Região Norte do país. O casal Raimundo Ribeiro de Araújo, de 45 anos, e Kelly Araújo, de 32, está há nove meses vivendo embaixo do viaduto, na avenida Djalma Batista com a Recife. Durante esse tempo, eles receberam algumas doações, como colchões velhos e um, mais conservado, em que estão dormindo há pouco mais de uma semana.

O casal diz que se alimenta com que as pessoas ofertam, mas poucas delas têm coragem de se aproximar para conversar. Raimundo cata latinhas e vende, mas nem sempre consegue, pois tem medo de deixar a esposa sozinha no local que, mesmo não tendo nada de valor, sofre ação de bandidos.

“Aqui mesmo já roubaram as roupas delas todinhas. O pessoal veio aqui no natal e no ano novo e ajudaram muita gente aqui. Eu tô agradecido e quem estiver escutando que dê uma força pra gente. Eu quero sair daqui!”

Ele conta como veio parar nas ruas de Manaus. “Eu comecei nas drogas, das drogas, fui para a cachaça – larguei as drogas mas fui pra cachaça – aí minha família não gostou, porque eu estava ‘mexendo’ com as coisas de casa. Minha família não gostou que eu ficasse por perto, mas, de vez em quando, eles passam aqui comigo. Eu brigava muito com os meus irmãos, Aí, eu fiquei desgostoso e, pra evitar desavenças, eu saí de casa.”      –

Raimundo Ribeiro conheceu a mulher Kelly Araújo na rua e hoje, diz que só vai a qualquer lugar com ela, que tem problemas de saúde e pede ajuda para largar o vício.

“Eu to querendo largar esse vício. Eu não agüentando mais! Eu sou viciada, (não vou mentir). Já levaram tantas coisas de minha aqui. O que me deram, veio um casal aqui me roubar. Estou andando descalça e eu não tenho como fazer, mana. Eu to pra ficar doida aqui”

Os dois dizem querer mudar de vida e que só precisam de uma oportunidade. Os documentos foram roubados, as roupas são praticamente as que têm no corpo e, até os chinelos foram roubados. ‘Seu’ Raimundo diz que está disposto a trabalhar e recomeçar ao lado da esposa.

“Eu queria pelo menos um mês de aluguel de um quarto pra mim, aí o resto eu dava meu jeito!”

‘Seu’ Raimundo afirma que decidiu trabalhar. “Eu estou, sim, mas não tenho meus documentos, perdio meus documentos, Aqui mesmo me roubaram!”

A Secretaria Municipal da Assistência Social, Direito Humanos e Cidadania informou que vai encaminhar uma equipe de assistentes sociais ao local nesta sexta feira (26) e que, se o casal quiser mesmo deixar as ruas, terá todo o auxílio da prefeitura.

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