Uma semana após a informação de que 12 pessoas foram contaminadas por um surto da Doença de Chagas, depois de consumir açaí, no município de Carauari, Interior do Amazonas, a Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), se apressou em garantir que o produto industrializado, oriundo do município está livre de contaminações, e divulgou as ações de fomento e revitalização da cadeia produtiva de polpas e concentrados de frutas no Estado. Entre outras complicações de saúde, o açaí contaminado pelo inseto conhecido popularmente como ‘barbeiro’, causa o aumento do volume do coração.
De acordo com a ADS, um exemplo dessa preocupação com a qualidade do que é produzido e que chega à mesa do consumidor é o convênio firmado entre a agência com agroindústrias do Amazonas por meio do Programa de Regionalização da Merenda Escolar (Preme).
Em 2014, a ADS adquiriu 30 toneladas da polpa de açaí da empresa Açaí Tupã, única agroindústria situada no município de Carauari, beneficiando diretamente 300 famílias extratoras do fruto e contribuindo para o desenvolvimento econômico regional, uma vez que a empresa tem uma movimentação financeira que ultrapassa R$ 1 milhão por ano.
De acordo com o presidente da ADS, Miberwal Ferreira, o potencial produtivo de açaí em Carauari é de 700 toneladas no período de safra. Sendo também os municípios de Benjamin Constant, Santo Antônio do Içá, Tabatinga, Tonantins, Coari, Codajás, Manaquiri, Humaitá, Manacapuru e Manaus, produtores em potencial.
Sobre a Açaí Tupã
Foi inaugurada em março de 2011 e recebeu incentivos da Agência de Fomentos do Estado do Amazonas (Afeam) para instalação e operacionalização no município de Carauari. Tem convênio firmado com a ADS através do Preme, que visa à substituição de gêneros alimentícios importados por produtos regionais na merenda escolar. A fiscalização dos produtos é feita pela vigilância sanitária local. A agroindústria segue normas procedimentais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Sem risco de contaminação
Segundo o diretor da Açaí Tupã, Samir Bastos, 90% do açaí da empresa é proveniente do extrativismo, sendo o processamento realizado através do tratamento térmico da pasteurização, o qual destrói células vegetativas dos microrganismos presentes nos alimentos. “Este processo se aplica a alimentos que não podem sofrer tratamentos mais rigorosos, pois pode afetar suas propriedades nutritivas, como é o caso das frutas. Com esses procedimentos é inibido o crescimento microbiano e retardado, praticamente, todo o processo metabólico”, explicou.
De acordo com Miberwal Ferreira, a pasteurização deve ser empregada em conjunto com outros métodos de preservação, como a refrigeração e o congelamento. “Para o açaí, as indústrias empregam temperaturas em torno de 80° C a 85° C por 10 segundos. Após a pasteurização, o mesmo é imediatamente congelado. Cuidados como estes é que geralmente muitos que comercializam esse produto não tomam”, esclarece.
Sobre o Preme
O Programa de Regionalização da Merenda Escolar (Preme) atende alunos da rede estadual e municipal de ensino, oferecendo alimentos de qualidade com o intuito de evitar a obesidade infantil e a má qualidade de vida causada por alimentos prejudiciais à saúde.
Atualmente, os alunos da rede pública têm 50 alimentos incorporados em seu cardápio, inclusive com alimentos regionais. Entre eles, peixe, farinha amarela, castanha, açaí (polpa) e a banana pacovã.
Os alimentos oferecidos nas escolas são adquiridos através de produtores credenciados em todo o Estado. São mais de 14.535 por meio de associações, agroindústrias, cooperativas e na modalidade individual.
Anualmente são consumidas 600 toneladas de polpa de açaí e 700 toneladas de outras polpas pelo Programa.