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Um pontapé na bola, uma ovação e um jantar: o dia em que Ayrton Senna encantou a Seleção

Ayrton Senna vivia dias atribulados em abril de 1994. Afinal, a agenda de negócios estava cada vez mais cheia, com diversos lançamentos relacionados à sua marca, e o carro da Williams não correspondia às expectativas. Isso sem contar os dois abandonos nas duas primeiras corridas do campeonato, a primeira após uma rodada em Interlagos, e a segunda depois de ser envolvido num acidente logo no começo do GP do Pacífico, em Aida (Japão).

Mas em meio ao caldeirão, Ayrton teve uma noite de quarta-feira marcante há exatos 25 anos, no dia 20 de abril de 1994. Em Paris, o tricampeão foi ovacionado no Estádio Parque dos Príncipes, em Paris, antes do amistoso da Seleção Brasileira contra um combinado Paris Saint Germain/Bordeaux. Após dar o pontapé inicial do jogo, Ayrton recebeu um carinho inimaginável do público, a maioria francês como o antigo rival Alain Prost. Além disso, sem saber, estava dando um incentivo a mais para os comandados de Carlos Alberto Parreira na campanha que resultaria no tetracampeonato mundial, em julho, nos Estados Unidos.

Senna à espera da autorização para entrar em campo, em 1994 — Foto: Getty ImagesSenna à espera da autorização para entrar em campo, em 1994 — Foto: Getty Images

Senna à espera da autorização para entrar em campo, em 1994 — Foto: Getty Images

Três dias antes, Senna viu Michael Schumacher abrir 20 x 0 na classificação do campeonato em Aida. Na semana daquela corrida, Ayrton até teve momentos felizes. Por acaso, o tricampeão encontrou Rubens Barrichello e o empresário Geraldo Rodrigues no hotel em que estavam, e os três passaram um divertido dia na Disney de Tóquio. Normalmente atento com a alimentação, Senna comeu até hambúrguer. Um momento de descontração antes do desastre no Japão.

– Foi uma surpresa enorme e uma satisfação ainda maior quando abri a porta do meu quarto e saí em direção à Disney, e a porta do quarto da frente abre também e sai o Ayrton. Se eu tivesse feito um pedido ao papai do céu não teria acontecido daquele jeito. E foi maravilhoso porque de repente ele falou: “Estou sem fazer nada, o que vocês vão fazer?”. A gente ia para a Disney e ele perguntou se poderia ir junto. Com assim posso ir junto? Né… – relembrou Rubinho em especial exibido pelo SporTV em 2014.

Senna durante jantar com Rubinho e Geraldo Rodrigues — Foto: Reprodução SporTVSenna durante jantar com Rubinho e Geraldo Rodrigues — Foto: Reprodução SporTV

Senna durante jantar com Rubinho e Geraldo Rodrigues — Foto: Reprodução SporTV

Depois da frustração por mais um resultado negativo na pista, Senna, de fato, parecia querer mais tranquilidade para recarregar as baterias. Por sugestão de Galvão Bueno, voou para Paris para acompanhar o amistoso da Seleção com um combinado entre dois dos times mais fortes da França na época, Paris Saint Germain e Bordeaux.

Senna ainda foi convidado para dar o pontapé inicial da partida. Inicialmente, o tricampeão estava relutante. Temia ser vaiado por estar na terra de Alain Prost, com quem vivera intensa rivalidade, a maior da história da Fórmula 1. Mas o temor não se concretizou, ao contrário. Ayrton foi muito aplaudido quando entrou no gramado do Parque dos Príncipes, cumprimentou o trio de arbitragem e o capitão brasileiro Raí, e deu o chute na bola.

Ayrton Senna e o capitão da Seleção, Raí, antes de amistoso em 1994 — Foto: ReproduçãoAyrton Senna e o capitão da Seleção, Raí, antes de amistoso em 1994 — Foto: Reprodução

Ayrton Senna e o capitão da Seleção, Raí, antes de amistoso em 1994 — Foto: Reprodução

Senna dá o pontapé inicial do amistoso Brasil x PSG/Bordeaux em 1994 — Foto: Divulgação/PSGSenna dá o pontapé inicial do amistoso Brasil x PSG/Bordeaux em 1994 — Foto: Divulgação/PSG

Senna dá o pontapé inicial do amistoso Brasil x PSG/Bordeaux em 1994 — Foto: Divulgação/PSG

– Aí a presença de Ayrton Senna! Não leva nenhum jeito pra coisa (risos), deu o pontapé inicial e vai voltar para a tribuna! – brincou Galvão durante a transmissão da partida.

Senna, que era favorito ao tetracampeonato na Fórmula 1 apesar do começo difícil, incentivou os jogadores com uma frase que marcaria aquela Seleção:

– Acelera daqui, que eu acelero de lá!

Ayrton Senna assiste ao jogo da Seleção contra o combinado PSG/Bordeaux em 1994 — Foto: Getty ImagesAyrton Senna assiste ao jogo da Seleção contra o combinado PSG/Bordeaux em 1994 — Foto: Getty Images

Ayrton Senna assiste ao jogo da Seleção contra o combinado PSG/Bordeaux em 1994 — Foto: Getty Images

Senna, então, assistiu à partida da tribuna, bastante sorridente com o carinho dos franceses. Pena que em campo o jogo não correspondeu e o modorrento 0 a 0 acabou totalmente ofuscado pela aparição de Ayrton Senna no Parque dos Príncipes.

No intervalo da partida, Senna gravou uma das suas últimas entrevistas. Com semblante alegre, o tricampeão falou com a agência de notícias francesa Agence TV. Apenas 16 anos depois, no dia 7 de novembro de 2010, a entrevista foi exibida, durante o Esporte Espetacular antes do GP do Brasil.

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Entrevista de Ayrton Senna em 1994, durante jogo da Seleção Brasileira na França

Entrevista de Ayrton Senna em 1994, durante jogo da Seleção Brasileira na França

Senna depois jantaria com a Seleção, que ficou encantada com o carisma do tricampeão. Infelizmente, menos de duas semanas depois, a esperança de uma reviravolta no campeonato da Fórmula 1 rumo ao tetra viraria saudade com o acidente fatal em Imola.

Mas a Seleção Brasileira de Romário, Bebeto e companhia daria ao Brasil um tetra em 1994. Após a conquista nos pênaltis sobre a Itália, os jogadores levaram uma faixa com os dizeres “Senna… Aceleramos juntos, o tetra é nosso!”

Seleção Brasileira Senna — Foto: ReproduçãoSeleção Brasileira Senna — Foto: Reprodução

Seleção Brasileira Senna — Foto: Reprodução

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