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Professores indígenas e de populações tradicionais da Amazônia colam grau pela UEA

Portal da Rede Tiradentes

Um total de 1.870 acadêmicos da primeira turma do Curso Superior de Pedagogia Intercultural, do Programa de Formação de Professores Indígenas (Proind), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), colou grau, nesta quinta-feira (28). A cerimônia foi realizada na reitoria da universidade e transmitida por meio do Sistema Presencial de Ensino Mediado por Tecnologia (IPTV) para 51 municípios do Interior do Estado e Manaus.

O curso, iniciado em 2009, teve uma carga horária total de 3.310 horas e foi oferecido de forma especial, no período de recesso acadêmico dos cursos regulares. As aulas foram realizadas nas unidades da UEA nos municípios do Interior do Estado e também da capital. O objetivo da licenciatura é formar professores para o exercício da docência na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, nas diferentes modalidades de ensino e no acompanhamento do trabalho pedagógico, por meio de uma perspectiva intercultural, envolvendo indígenas e povos de diversas populações tradicionais da Amazônia.

De acordo com o vice-reitor da UEA, Mário Bessa, o ingresso de indígenas e pessoas de diferentes identidades amazônicas, representa um enorme passo para a integração desses povos à sociedade e na evolução da educação no Estado. “Na última década, apenas 5% das pessoas no Estado possuíam formação de nível superior. Então, para a UEA, é uma satisfação muito grande poder formar esses indígenas hoje”. Segundo Mário Bessa, a formação desses profissionais reforça a educação básica em 52 municípios onde foi realizado o curso e é um dos princípios da universidade, com a interiorização do ensino.

O diferencial da graduação é a promoção da interculturalidade, pela qual os indígenas se relacionam com não indígenas, cumprindo o papel social da universidade. Serão oferecidos três cursos de pós-graduação aos recém-formados em Manaus e no interior. Dos 1.870 novos profissionais, 632 são indígenas e os demais são provenientes de diferentes identidades amazônicas, entre elas, populações tradicionais, comunidades ribeirinhas, comunidades quilombolas, além de homens e mulheres do campo. Aldenor Félix, 38, foi um dos formandos que receberam o diploma na noite de ontem.

Reforçando identidade cultural – Pertencente à etnia Ticuna e vindo do município de Benjamin Constant, Aldenor que trabalha na Secretaria Municipal de Educação há oito anos e mora em Manaus há 16 anos, quando veio estudar, ressalta a importância do curso em sua formação e agora pretende levar o conhecimento para os moradores da comunidade Filadélfia, onde nasceu e foi criado. “Hoje, nós vamos poder trabalhar e levar esse conhecimento para o restante do nosso povo. Nós vamos mais que reforçar a cultura indígena, mas mantê-la ao repassar para as crianças e jovens, que antes não sabiam escrever na sua língua”.

Indígena da etnia Ianomami, Maria Nunes iniciou os estudos em 2009 no município de Barcelos, onde nasceu e vivia, na comunidade Posto Ajuricaba, mas transferiu o curso para Manaus um ano depois. Após o termino da graduação, ela pretende retornar para cidade e trabalhar dentro da comunidade, repassando o que aprendeu as mais de 25 famílias que vivem no lugar. “Quero ajudar o meu povo e para isso pretendo voltar para Barcelos. Além de aprendermos questões como metodologia de ensino, nós também aprendemos sobre os nossos direitos e isso é extremamente importante, para que possamos repassar aos nossos parentes”.

Benefícios – A coordenadora do curso, Adria Simone de Souza, ressalta que o Proind trouxe diversos benefícios para os municípios onde o curso foi realizado, entre eles, o alcance social, o diálogo intercultural entre diferentes sujeitos, além das contribuições à educação por meio de estágios, minicursos, entre outros. “Formar esses profissionais é avanço para o processo do cumprimento da missão da UEA que é a interiorização, tudo isso realizado por meio da discussão das diferentes realidades do Amazonas. Essa é a principal contribuição do Proind”, destacou Souza.

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