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Preso acusado de fraude, Sandro Rosell desabafa: “Roubaram dois anos da minha vida”

Por GloboEsporte.com — Madri

Um dos nomes mais falados no mundo da cartolagem há alguns anos, Sandro Rosell hoje vive o silêncio do isolamento na prisão. Quase dois anos depois de ter sido preso de forma preventiva na Espanha, acusado de fraude fiscal, o ex-presidente do Barcelona concedeu uma entrevista à rádio “RAC1” desabafando sobre sua situação processual e relatando um drama por estar longe da família.

– Roubaram dois anos da minha vida com meus pais, quando mais precisei deles, porque são mais velhos e precisam de mim ao lado. Me dá muita pena também estar longe de minhas filhas e mulher. Nestes dois anos, não pude celebrar nem os 18 anos da minha filha nem os 25 anos de casado com minha mulher – disse Rosell.

Sandro afirmou que as autoridades espanholas alegam que sua prisão preventiva vem sendo mantida pois acreditam que ele fugiria. Ele contesta, afirmando que pretende provar sua inocência e não tem mais dinheiro fora do país, uma vez que “tudo foi embargado”.

– Estou indignado, passei por todos os estados: dúvida, surpresa, indignação. E ainda hoje para meus advogados é surreal. Minha família está triste e indignada.

Sandro Rosell foi presidente do Barcelona por quatro anos — Foto: ReutersSandro Rosell foi presidente do Barcelona por quatro anos — Foto: Reuters

Sandro Rosell foi presidente do Barcelona por quatro anos — Foto: Reuters

O dirigente lembrou o processo que acabou o levando a ser acusado de fraude, dizendo que em 2006, uma empresa que buscava conteúdo entrou em contato para trabalhar “com a CBF e outros assuntos”. Rosell é acusado de cobrar taxas irregulares na venda de direitos televisivos de jogos da seleção brasileira na época em que Ricardo Teixeira, seu amigo, era presidente da CBF.

– Negociamos a compra, 50% para mim e outro para Joan Besolí. Minha empresa foi a intermediária. Temos sede em Andorra, mas é tudo legal. Não havia dinheiro público. Não paguei nenhuma comissão a Teixeira, não é o caso. Se tivesse feito, não seria ilegal, mas não fiz – garantiu.

Rosell está detido desde maio de 2017, quando o Supremo Tribunal da Espanha expediu uma ordem de prisão. As investigações, segundo a imprensa espanhola, mostravam que Sandro cobrou taxas irregulares e desviou o dinheiro destas transações para contas não associadas ao seu nome – o que configuraria lavagem de dinheiro. Tudo teria ocorrido quando ele era dono da Alianto Marketing, antes de ser presidente do Barcelona.

O ex-mandatário começou a ser investigado em 2015, quando uma série de dirigentes do alto escalão da Fifa foram alvos de uma operação e presos durante um congresso da entidade. A partir dali, uma série de suspeitas de esquemas de suborno e propinas foram desvendadas ao redor do mundo.

Rosell também falou de Romário, que, como senador, comandou uma comissão para investigar as irregularidades envolvendo a CBF. O ex-jogador do Barcelona foi convocado para prestar depoimento sobre o caso no ano passado, e teria dito que Sandro e Ricardo Teixeira ficaram com o dinheiro de amistosos.

– Romário mentiu. Lhe interessa ser presidente da CBF, não tem relação com Scolari. Queria que seu filho jogasse no Barça B, mas não tinha nível, e ele se irritou comigo – declarou Rosell.

Empresário de marketing esportivo, Sandro Rosell foi diretor da Nike no Brasil e responsável por negociar o contrato com a CBF para que a empresa americana se tornasse a fornecedora de material esportivo da Seleção. Em 2010, foi eleito presidente do Barcelona e ocupou a vaga de Joan Laporta. Antes, eram aliados, depois se tornaram inimigos políticos.

O mandato de Rosell no Barça durou quatro anos, até sua renúncia, em janeiro de 2014. A saída aconteceu depois de ser acusado de fraude fiscal na polêmica contratação de Neymar em 2013. Rosell foi inocentado após um acordo entre a diretoria do Barça e justiça para que a pena fosse assumida pelo clube como pessoa jurídica.

Rosell também foi alvo de investigação por conta da sua participação na empresa Ailanto, que em 2008 foi responsável pela organização do amistoso entre Brasil e Portugal. Tal empresa, que não tinha histórico na organização de eventos desse tipo – foi criada apenas cinco meses antes do evento -, teria recebido R$ 9 milhões pelo trabalho na partida. A suspeita é superfaturamento com passagens aéreas da delegação brasileira, hotéis para jogadores de ambas as equipes e contratação de outros serviços.

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