m menos de um mês, o ‘Desafio do Gelo’ arrecadou US$ 13 milhões para a pesquisa da cura da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)
SÃO PAULO — O que leva Neymar Jr, o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, o cantor Bon Jovi e a apresentadora Ana Maria Braga a se a jogarem um balde d’água fria na cabeça e postar o vídeo na internet? O mais novo viral que tomou conta da internet é, na verdade, uma campanha de arrecadação de doações para institutos e associações que pesquisam tratamentos para a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença neurodegenerativa que afeta o sistema nervoso central ainda sem cura ou tratamento eficaz. O “Desafio do Gelo” — em inglês The Ice Bucket Challenge — começou nos Estados Unidos no final de julho e chegou, na semana passada ao Brasil, através do Instituto Paulo Gontijo (IPG) e a Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (AbrELA).
A brincadeira começou quanto um paciente atendido pela ALS Association — grupo de entidades americanas que estudam a ELA — postou em sua página em uma rede social um desafio onde o desafiado tinha que jogar um balde d’água gelada na cabeça ou doar US$ 100 (cem dólares) à ALS Association. O desafio mobilizou personalidades do mundo virtual como Zuckerberg e Bill Gates, ex-presidente da Microsoft, e celebridades como o jogador brasileiro Neymar e o astro português Cristiano Ronaldo.
O balde gelado é um desafio tradicional de várias campanhas de caridade norte-americana. A arrecadação para a busca da cura do ELA, também conhecida como Doença de Lou Gehrig, até o final de semana, já havia ultrapassado a marca dos US$ 13 milhões com a campanha. Segundo informações da própria entidade, o dinheiro veio de doadores antigos e de 259 mil novos doadores. No ano passado, no mesmo período, segundo a entidade, foram arrecadados para a pesquisa de uma cura para a doença apenas US$ 22 mil.
— Formalizamos junto a ALS um pedido para participarmos, oficialmente, da campanha no Brasil. Na sexta-feira, fizemos nossa primeiro divulgação e até o momento a receptividade está sendo boa. A questão não é só financeira, mas também de divulgação da doença — afirmou a diretor administrativa IPG, Silvia Tortorella
O desafio pede que uma pessoa despeje um balde de gelo e água sobre sim mesma e que então desafie outras publicamente a fazer o mesmo em 24 horas ou doar dinheiro para a campanha. Na quarta-feira passada, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, aceitou o desafio lançado pelo governador do estado americano de New Jersey, Chris Christie, e publicou um vídeo na sua página do Facebook tomando um tremendo banho gelado.
Depois, o criador do Facebook desafiou o fundador da microsoft Bill Gates e dois outros executivos ligados a rede mundial de computadores. A família mais famosa dos Estados Unidos, os Kennedy, também entraram no desafio e tomaram um banho gelado coletivo para promover a campanha da ALS que culminou com a matriarca, Ethel Kennedy, despejando um balde gelado em si mesma e desafiando o homem mais poderoso do mundo, o presidente americano Barak Obama a fazer o mesmo ou doar. Obama comunicou que vai doar dinheiro para a entidade.
A doença ainda sem cura
A doença foi diagnosticada pela primeira vez em 1869 pelo neurologista francês Jean-Martin Charcot, mas só em 1939 que a doença ganhou a atenção da comunidade médica americana e internacional. Isso porque a ELA atingiu Lou Gehrig, uma das estrelas lendárias do beisebol americano. O impacto foi tão forte que a doença passou a ser conhecida como Doença de Lou Gehrig.
A Esclerose lateral Amiotrófica é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta as células nervosas do cérebro e da medula espinhal. Os neurônios motores morrem acabando continuamente com a capacidade do portador da doença de controlar os movimentos dos músculos. Inicialmente, ela afeta as extremidades das mãos e pés e, nos estágios mais avançados, a doença pode paralisar totalmente o portador de ELA acabando com sua capacidade de respiração e, até, a visão. O físico Stephen Hawking é a vítima mais famosa deste mal. Recentemente, o ex-jogador do Fluminense, Assis, portador de ELA, faleceu depois de uma falha no aparelho de respiração mecânica que garantia a sua capacidade de respirar.
As doações no Brasil podem ser feitas para o IPG, para a AbrELA ou ao Pró-Cura da ELA.
