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Clima de desentendimento deve custar presença de Dilma na festa do PT

Hoje, a sigla vai debater o plano econômico emergencial, contrário à Reforma da Previdência, à limitação de gastos com o funcionalismo

Evaristo Sá/AFP

A presidente Dilma Rousseff avalia alegar atraso na viagem oficial ao Chile para faltar à festa pelos 36 anos do PT, marcada para o Rio de Janeiro

A presença da presidente Dilma Rousseff na festa de 36 anos do PT, amanhã no Rio, com um show do sambista Diogo Nogueira e da bateria da Portela, vai depender do tom que o partido adotará nos debates de hoje no Diretório Nacional da legenda. A prévia não é nada animadora. O PT deve debater o plano econômico emergencial, contrário à Reforma da Previdência, à limitação de gastos com o funcionalismo e favorável a mais crédito para a retomada do crescimento.
Anfitrião da festa, o presidente do PT fluminense, Washington Quaquá, disse ontem não fazer questão da presença de Dilma na festa. No Planalto, as opiniões estão mais do que divididas. “Ela não vai, dirá que se atrasou na viagem que fez ao Chile”, disse um interlocutor da presidente. No sábado, ela vai se encontrar com a presidente Michelle Bachelet, em horário ainda não definido. “Veja a que situação chegamos. A presidente está fraca, o PT está ruindo e a economia patinando. E ninguém quer conversar sobre isso”, acrescentou o petista.

A percepção mútua é de que Dilma e o PT cansaram um do outro. Para desespero de alguns bombeiros. “Não pode existir isso. É ridículo uma presidente se esconder do próprio partido. Ela tem de ir, independentemente do que for debatido. Tirar de letra ou de bico, não importa, mas tem de aparecer no PT”, declarou um ministro petista.

A tensão acontecerá em uma semana particularmente complicada para a legenda. Na segunda-feira, o juiz da Operação Lava-Jato, Sérgio Moro, decretou a prisão temporária do marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas de Dilma Rousseff (2010 e 2014) e da reeleição de Lula, em 2006. Na terça-feira, a propaganda partidária petista veiculada no rádio e na televisão — com a presença exclusiva de Lula, sem Dilma — provocou panelaço em todo o país. E na quinta, apesar dos protestos da bancada de senadores do PT, o Planalto deu aval para a aprovação do projeto que retira a exclusividade da Petrobras na exploração do pré-sal.

A saia justa é generalizada, não apenas para Dilma. Como mostrou o Correio há três semanas, a flexibilização da opinião sobre a participação da Petrobras na exploração do pré-sal foi articulada pelo chefe da Casa Civil, Jaques Wagner. O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini — que detesta eventos sociais e dificilmente permanecerá para o show de Diogo Nogueira —, terá de enfrentar o partido na defesa da Reforma da Previdência, que ele próprio conduziu em 2003, quando era titular da pasta no primeiro mandato de Lula.

 

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