O plano de venda de Lucas Paquetá pelo Flamengo começou em janeiro de 2018, quando o clube aumentou o salário do jogador e definiu com ele e seus representantes que estava aberto a receber propostas, já com a multa de 50 milhões de euros. A oferta mais contundente foi a do Milan, clube com o qual Flamengo e atleta assinaram contrato de cinco anos nos últimos dias. A oficialização da operação ficará para o início de 2019, quando Paquetá se apresenta.
Durante toda a temporada, segundo a reportagem apurou junto aos dirigentes, houve tentativa de ofertar o jogador a outros gigantes da Europa, como PSG, Barcelona e Real Madrid, para satisfazer o plano do atleta de jogar fora do país. As sondagens que chegaram no primeiro semestre não atenderam os valores imaginados, e ficou combinado que os agentes fariam uma outra rodada do “leilão” no fim do ano. A decisão de não esperar o fim do contrato, válido até 2020, ou ao menos o fim da temporada, irritou a oposição do Flamengo em meio à disputa eleitoral.
Fato é que, em janeiro, o Flamengo aumentou pela segunda vez o salário de Paquetá, que pulou de R$ 60 para R$ 100 mil, com a mesma multa rescisória de 50 milhões de euros. Começava ali o plano de venda do meia-atacante, então com 20 anos, cujo contrato profissional foi assinado no início de 2016. Depois de virar contrapeso na contratação do goleiro Diego Alves, com preferência do Valência, Paquetá ganhou a titularidade no fim do ano passado e recebeu o aumento salarial, embora tenha ficado com valores muito abaixo dos medalhões do elenco, que recebem cinco vezes ou mais.
O temor da diretoria do Flamengo era que Paquetá não se consolidasse como um grande jogador, e se perderia uma boa oportunidade. Como se destacou, foi tentado um novo aumento e a renovação, recusados pelo agente Eduardo Uram, que pretendia fazer a venda, desta vez mais factível com a convocação para a seleção e boas atuações. O represenante de Paquetá foi procurado, mas não retornou os contatos.
Candidatos se manifestam
Vice de futebol, Ricardo Lomba falou da operação pela primeira vez a O GLOBO. E se defendeu das críticas sobre o valor inferior ao da multa e ao momento do negócio.
— O mercado traz oportunidades que se a gente perder nos torna irresponsáveis. Passamos pela janela do meio do ano, são negociações de muito tempo. Contou também o desejo do jogador, que tem sonhos e a gente respeita. Em termos de negócios, foi muito bom, com ele até o fim do ano motivado. Multa é proteção — afirmou.
Membros da oposição que participam da eleição do Flamengo também se manifestaram e criticaram a venda de Paquetá.
Rodolfo Landim soltou nota oficial qualificando como inaceitável e inacreditável o acordo.
“O timing da transação é um enigma. Ou a negociação foi fechada e não comunicada para que não atrapalhasse os objetivos eleitorais do presidente Bandeira; ou é um castigo que ele quer impor ao associado e ao torcedor em função do fracasso nas urnas. O que é pior? Ele saber e não contar, ou fechar depois da apuração como forma de punir quem não votou nele?. Na nossa visão, craque o Flamengo faz em casa. Mas, na atual administração, o craque feito em casa é vendido de qualquer forma, e o dinheiro é jogado no lixo”, diz o texto.
José Carlos Peruano disse que a torcida está triste pela saída e quer reposição.
— Agora é pensar em contratar alguém à altura para repor essa perda irreparável. Vender um jogador perto de acabar o mandato é difícil. A oposição e a torcida está triste com essa perda.
Marcelo Vargas foi além:
— É a constatação da incompetência e da irresponsabilidade da atual diretoria em relação ao Futebol. Para conseguir pagar esses vende suas revelações — atacou.