No Dia do Índio, Manaus destaca investimentos da rede municipal na Educação indígena

A revitalização de nove línguas em escolas indígenas, revitalização de espaços culturais, realização de dois processos seletivos para educadores indígenas, entre outros avanços, vem marcando a linha de atuação da Educação Indígena, na rede municipal de ensino de Manaus, para reafirmar as identidades étnicas e garantir aos alunos índios e suas comunidades o acesso às informações e conhecimentos sobre suas culturas de forma pedagógica, respeitando diretrizes e legislações em âmbito nacional.

O trabalho, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), ampliou, nos últimos 3 anos, o número de alunos atendidos de 500 730, das etnias Tukano, Tikuna, kambeba, Baré, Kokama, Sateré Mawé, Karapanã e Apurinã, distribuídos em 18 espaços culturais e quatro escolas indígenas. Dentre os investimentos está a realização de dois Processos Seletivos Simplificados (PSSs), o último em 2016, quando foram selecionados 30 educadores indígenas, aumentando em 50% o quadro de professores indígenas do município de Manaus.

FOTO JOAO BITTAR/UNESCO-MEC
UARINI- AMAZONAS, 22 DE AGOSTO DE 2007.
ESCOLA ESTADUAL HERMANO STRADELLI

A prefeitura também tem buscado capacitar os educadores indígenas com formações e encontros periódicos, como a formação “Saberes Indígenas”, dividida em quatro módulos e que está na segunda turma, coordenados pela Gerência de Educação Escolar Indígena (Geei), da Semed, além de promover eventos que reúnem lideranças de etnias de todo o Amazonas, em que são discutidas melhorias para a área em âmbito municipal e estadual.

Trabalho diferenciado

Manaus é a única capital brasileira que oferece espaços culturais, onde os alunos indígenas têm a possiblidade de participar de um ambiente que trabalha o fortalecimento da língua materna, sendo 18 distribuídos nas zonas urbana, ribeirinha e rodoviária da capital amazonense. Os espaços atendem no contra turno alunos matriculados em escolas não indígenas existentes nas proximidades de suas comunidades.

Nesses locais, os alunos têm o acompanhamento de professores, além do assessoramento pedagógico e material didático próprio, oferecido pela Semed, em que o foco está no fortalecimento e valorização das culturas e línguas maternas.

Um desses locais é o Espaço Cultural Bayaroá, localizado no quilômetro 04 da BR 174, na Comunidade São João, onde são trabalhados aspectos culturais da etnia Tucano. Neste espaço estudam 16 alunos com idade entre 4 e 12 anos. Além do fortalecimento da língua Tucano, da valorização dos costumes, do ensino bilíngue, são produzidos produtos artesanais pelos índios da comunidade.

A assessora pedagógica da GEEI, Silvanira Matos, salientou que espaço é importante para restabelecer contato e perpetuação da língua materna de índios que saíram de suas comunidades em zonas ribeirinhas, por exemplo, e agora que estão na zona urbana. “Eles tem como objetivo reunir a comunidade indígena em momentos de estudos, de resgate e fortalecimento da língua materna. Neles são trabalhados diversos aspectos da língua, como artesanato e a culinária e iguarias indígenas”, frisou.

Umas das alunas atendidas no espaço é Talita Lana, de 12 anos, que estuda o ensino regular na Escola Municipal Solange Nascimento, na mesma comunidade. Segundo a estudante, o espaço contribui muito na sua formação cultural. “Aqui aprendi algumas palavras e outras coisas muitos interessantes que não sabia sobre a minha própria cultura e meu povo” disse

Futuro

Para melhorar o atendimento destinado a alunos indígenas, a secretaria está estudando novas estratégias. Entre elas, a realização de concurso público para professores indígenas, cursos de licenciatura por meio de instituições públicas e a regulamentação dos espaços culturais, para que possam receber investimentos públicos, além do que já é feito pela secretaria, tendo suporte da mesma forma que dá as unidades de ensino da rede municipal de ensino.

A Semed também trabalha na criação das diretrizes da educação escolar indígena do município de Manaus, com a licenciatura intercultural indígena para formação de professores, em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), além da elaboração de um material didático indígena próprio.

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