Polícia apresenta quatro dos sete assassinos da esportista britânica Emma Kelty. Crime revelou necessidade de urgente ação contra piratas e ‘barrigas d’água’ nos rios da Amazônia

Os quatro infratores chegaram a Manaus na tarde da última quinta-feira (21), por volta das 16h, no Aeroclube de Manaus, no bairro Flores, na zona Centro-Sul da cidade. Dois, dos sete transgressores continuam foragidos: Erimar Ferreira da Silva, o “Chico”, e Erenilson Ferreira da Silva, conhecido como “Zé Preto”, que estão sendo procurados.

Um adolescente de 17 anos e os adultos Jardel Pinheiro Gomes, de 19 anos, o ‘Kael”; Arthur Gomes da Silva, o “Bera”, e Erinei Ferreira da Silva, o “Alfinete”, foram apresentados neste sábado, em coletiva de imprensa, pela Polícia Civil do Amazonas. Eles são os responsáveis pelo assassinato da esportiva britânica Emma Kelty, ocorrido no dia 13 de setembro.

De acordo com o delegado adjunto Ivo Martins, que acompanha o caso, o quarteto confessou o crime e confirmou todas as informações já repassadas pelos adolescentes que foram presos primeiro.

“A gente já sabe que ela realmente ela foi atingida, quando tomo um disparo. O segundo dispare teria ‘pegado’ na altura da barriga. Isso tudo a gente vai afinando no curso da investigação!”

Segundo o delegado, eles também negaram as informações de que houvessem decapitado ou esquartejado a britânica, como chegou a ser noticiado em alguns blogs da cidade.

“Ela recebeu um golpe, na altura – uns falam cabeça, outros pescoço – como são regiões próximas no corpo – a gente presume que ele, de fato, tenha tom ado um golpe nessa altura, e esse golpe eles são acostumadas a dar, quando têm de jogar a vítima no rio e, certamente o sangue deve ser pra poder impulsionar a ação dos animais, p’ra fazer com o corpo vá ao fundo.”

O delegado-geral, Frederico Mendes, pede a colaboração da população para que ajude a polícia localizar os dois foragidos que também participaram do crime, os irmãos Nilson Ferreira da Silva, “Zé Preto”, e Erimar Ferreira da Silva, o “Chico”.

“Possamos encontrar, essas pessoas e levá-las à margem da Justiça para que seja feita a justiça e, futuramente, à condenação de todos eles!”

O titular do Distrito Integrado de Coari (DIP) de Coari, José Afonso Barradas, responsável pelo caso, disse que o bando já era conhecido na cidade e que a polícia já trabalhava para prendê-los.

“Tanto o ‘Baia’ – o Evanilson -, quanto o Arthur – o ‘Bêra’, são extremamente cruéis! O ‘Baia’ já tinha um Homicídio qualificado e um furto!”

Jardel, Arthur e Erinei ficarão presos no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM), no Km 8 da BR 174, em Manaus.

 

Piratas e “barrigas d’água

O assassinato da britânica Emma Kelty trouxe à tona os problemas que ocorrem a décadas nos rios da Região e aterrorizam as populações ribeirinhas da Amazônia – o tráfico de drogas, a prática da pirataria, com constantes ataques a barcos de linha, e a ação dos ladrões que ficaram conhecidos como “barrigas d’água” – grupos que praticam roubos e furtos às margens dos rios e atacam qualquer um que precise utilizar embarcações nos rios da Região.

No ano passado, o delegado da Polícia Civil Thiago Garcez desapareceu nas águas do Solimões, na mesma área onde a britânica Emma Kelsty foi assassinada. O delegado caiu do barco onde estava, durante um confronto com traficantes. Apesar das intensas buscas, o corpo do delegado nunca foi encontrado. O caso confirmou o Solimões como rota do tráfico de drogas.

Em relação aos crimes na região, a polícia afirma que a prática é difícil de ser combatida, devido à pouca estrutura e às dificuldades de locomoção. Referindo-se o caso de Emma, o diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), Mariolino Brito, afirmou que, apesar do intenso trabalho e do interesse do Estado em solucionar esses crimes, as ações das polícias são dificultadas inclusive pelas grandes distâncias. “Os lugares onde aconteceu esse fato são muito desertos. São inóspitas aquelas área ali. prais desertas!”

Os objetos roubados de Emma pelo bando durante o crime, como um drone, uma câmera GoPro, e um tablet foram recuperados e terão as imagens analisadas.

 

Entenda o caso

No último dia 13 de setembro, por volta das 22h, uma empresa ligou para o Comando do 9° Distrito Naval (Com9ºDN) informando que o localizador de emergência da britânica Emma Kelty, que estaria realizando canoagem esportiva no Rio Solimões, havia sido acionado. Na manhã de quinta-feira, dia 14, a Marinha do Brasil iniciou as buscas para tentar localizar a britânica. Já na tarde de sexta-feira, dia 15, alguns objetos de Emma Kelty, como roupas, sapatos e o caiaque foram encontrados na Comunidade Lauro Sodré.

No último domingo, dia 17, a Marinha do Brasil encaminhou os objetos ao 6º Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde foi realizado o Auto de Exibição dos materiais. Na DIP de Coari foi instaurado um Inquérito Policial (IP), de nº 44/2017, para investigar o caso.

A Polícia Civil do Amazonas, assim que foi acionada pela Marinha do Brasil, enviou uma equipe, composta por sete investigadores lotados no Departamento de Polícia do Interior (DPI), quatro investigadores que atuam na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) e dois escrivães da instituição, ao município de Codajás para auxiliar nas diligências em torno do caso.

O delegado-geral adjunto, Ivo Martins; o diretor do DPI, delegado Mariolino Brito; o delegado Raphael Campos, adjunto da DEHS; e o delegado Paulo Gadelha, titular da 79ª DIP de Anori, município distante 195 quilômetros em linha reta de Manaus, também estiveram nos municípios de Codajás e Coari para ajudar nas investigações.

 

Buscas encerradas

As buscas pelo corpo de Emma Kelty, pela Marinha do Brasil e pelo Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas foram encerradas na sexta-feira.

 

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