Marita Lorenz, a ex-amante de Fidel Castro encarregada pela CIA de matá-lo, vira filme

Da relação entre os dois nasceu um filho, Andrés Vázquez, que ficou em Cuba com o pai. Mãe e filho se reencontraram em 1981.

Da relação entre os dois nasceu um filho, Andrés Vázquez, que ficou em Cuba com o pai. Mãe e filho se reencontraram em 1981.

Alemã-americana de 75 anos, Lorenz viveu dois anos em um campo de concentração nazista quando era criança, e depois foi estuprada por um oficial americano.

Ainda jovem, apaixonou-se por Fidel Castro, e foi recrutada pela CIA (agência de inteligência dos EUA) para matá-lo.

Ela teve um filho com o líder cubano e uma filha com Marcos Pérez Jiménez, que presidiu a Venezuela de 1952 a 1958.

Também foi investigada por possíveis informações sobre o assassinato, em 1963, do presidente americano John Kennedy, pois declarou ter conhecido Lee Harvey Oswald, considerado o responsável pela morte.

Após duas biografias e uma tentativa do diretor Oliver Stone de fazer um filme, a vida de Lorenz finalmente será exibida nos cinemas.

Mark, filho de Lorenz, disse à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, que a mãe não dará entrevista neste momento “pela natureza sensível do projeto cinematográfico em curso”.

O filme deverá se chamar “Marita”, e tem estreia prevista para o final de 2017.

Segundo o site especializado The Hollywood Reporter, o roteiro deverá abordar a história de como Lorenz e Castro se conheceram em 1959, quando ela tinha 19 anos, e o romance dos dois.

O produtor do filme, Scott Mednick, disse que o projeto “está nas primeiras etapas”. “Não comentaremos nada por um tempo”, afirmou.

Missão: matar Fidel

Após viver um período com Castro, Lorenz deixou Cuba e se uniu à luta contra o comunismo nos EUA. Acabou recrutada pela CIA com uma missão: matar o líder de uma revolução vista com temor pelo país.

Lorenz, evidentemente, não cumpriu a missão.

“Não podia matar ninguém, não havia motivo para machucá-lo. Poderia ter feito, porque me deram todas as ferramentas e o treinamento, mas não havia como fazer algo assim”, disse Lorenz em junho de 2015 à Rádio W da Colômbia.

“É absurdo. Além do mais eu o amava, ele era uma pessoa fascinante, meu primeiro amor”, disse a mulher, que hoje vive em Baltimore (EUA).

Segundo o próprio relato de Lorenz, Fidel a desafiou a matá-lo quando descobriu a missão secreta.

“Ninguém pode me matar”, disse o líder cubano, segundo Lorenz, que se correspondeu por anos com ele. Fidel, hoje com 89 anos, cedeu o poder ao irmão Raúl em 2006.

Da relação entre os dois nasceu um filho, Andrés Vázquez, que ficou em Cuba com o pai. Mãe e filho se reencontraram em 1981.

Único arrependimento

A ex-espiã, que já foi chamada de “Mata Hari do Caribe”, referência à famosa espiã holandesa, lamenta não ter ficado em Cuba. Ao voltar aos EUA, a CIA não gostou de saber que Fidel continuava vivo.

“Odiavam-me e me culpavam”, disse Lorenz. O episódio, contudo, não encerrou sua relação com a inteligência americana.

Em uma missão para arrecadar recursos para a causa anticomunista, ela acabou na Venezuela. Lá conheceu o general Marcos Pérez Jiménez, com quem iniciou outro romance e teve uma filha.

Ela e a filha foram abandonadas pelos militares na selva, quando o presidente já estava preso, antes de ser extraditado para os EUA.

“Acredito que eu seja bem durona”, disse Lorenz sobre as arriscadas experiências das quais saiu ilesa.

A “Mata Hari” diz ainda ter sido testemunha da suposta conspiração que envolve a morte de John Kennedy em novembro de 1963.

Os anticastristas que ela conhecia em Miami podem ter tido relação com a morte. Esse grupo estava indignado com Kennedy pela falta de apoio do presidente à frustrada tentativa de invasão de Cuba por forças anticastristas em 1961.

Lorenz disse ter conhecido Lee Harvey Oswald em um acampamento da CIA na Flórida.

Ela sabe que o roteiro de seus 75 anos é digno de uma saga de Hollywood.

“É verdade, tenho todos os documentos da CIA e do FBI (polícia federal americana) para provar. Não quero glorificar minha vida, mas há evidências suficientes para não ter que exagerar”, diz Lorenz, prova viva de que a realidade muitas vezes supera a ficção.

Fonte: BBC Brasil

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *