Doença de chagas: alimentos de frutos das palmeiras amazônicas só devem ser consumidos pasteurizados, alerta diretora da FVS

A ingestão de alimentos comprados ‘fora’ sem a garantia de uma higienização correta é um risco para a saúde e a vida da população. O alerta foi feito nesta segunda-feira (15), em entrevista à Rede Tiradentes, pela diretora técnica da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), médica Rosimeire Costa Pinto.

Na semana passada, a FVS e a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) comprovaram, por meio de análises laboratoriais, a presença do parasita Trypanossoma cruzi, na amostra de açaí consumida pela família que contraiu Doença de Chagas, no município de Lábrea, Interior do Amazonas.

Foi a primeira vez que a presença do parasita, encontrado nas fezes ou fluidos (baba) do inseto (besouro) conhecido como ‘barbeiro’, no alimento foi comprovada cientificamente  no Amazonas. Antes, a comprovação era feita por associação. A comprovação só foi possível devido ao fato de que a Vigilância Epidemiológica da FVS-AM conseguiu recuperar as amostras de açaí que ainda estavam disponíveis junto ao fornecedor.

Segundo a FVS, desde 2010, foram registrados 58 casos da Doença de Chagas por transmissão oral, quando o contágio acontece por meio de alimento contaminado.

Rosimeire Costa Pinto alerta que é necessário grande cuidado para prevenir e evitar a contaminação, não apenas por meio do açaí, mas também pelo caldo de cana oferecido principalmente nas feiras, acompanhado do tradicional pastel de vento.

Segundo Rosimeire, todos os surtos da doença no Amazonas tiveram como causa do consumo do açaí contaminado, onde os pesquisadores conseguiram identificar o parasita vivo. Ela afirma que o trabalho das duas instituições vai facilitar a identificação precoce e o tratamento dos infectados, evitando mais mortes.

Rosimeire observou que é importante estar atento à higiene do local de preparo e aos hábitos de higiene de quem produz e está servindo o produto. “É fundamental que a população se preocupe com o produto que está com sumindo”.

Ela alerta, ainda, que não me apenas o açaí ou o caldo de cana que merecem atenção especial com a higiene, mas os frutos de palmeiras em geral devem se consumidos com todo cuidado.

Pasteurização

Sobre as dúvidas a respeito, Rosimeire também alerta que o congelamento não mata os parasitas. “Mesmo após três semanas de congelamento, observou-se que parasita permanece vivo. Segundo ela, o consumidor deve ter a garantia de que o produto passou pelo processo de pasteurização, que “é mais seguro, porque mata os protozoários.”

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *